sexta-feira, 31 de outubro de 2014

MOTHRA - A DEUSA SELVAGEM

Título Original: Mosura
Diretor: Ishirô Honda
Ano: 1961
País de Origem: Japão
Duração: 101min

Sinopse: As shobijin (termo japonês para "belas pequeninas", também são conheçidas como fadas gêmeas) são raptadas de sua ilha por um inescrupuloso bandido, que vê nelas suas chances de enriquecer. Enquanto isso surge à larva de Mothra que segue para o Japão para tentar resgatar as duas Subujins. Na procura pelas pequeninas Mothra devasta o Japão, causando destruição e pânico.

Comentário: Honda lança aqui o monstro Mothra, que viria a aparecer em outros longas, inclusive travando batalhas com Godzilla (Honda também é o criador do lagartão). O filme é bem legal, mas não é pra se levar tão a sério, o que eu gosto do Honda é que ele consegue manter o filme sério mesmo quando parece não fazer sentido nenhum. O início noir que ele fez tão bem em O Vapor Humano volta a aparecer aqui, você chega a esquecer que está assistindo um filme de monstro gigante com destruição em massa. O clima do filme é o que tem de melhor, os personagens dão uma bela dinâmica, pode parecer tosco pra quem assiste agora, mas a beleza do filme é a inocência daquela época e o fator criatividade que parece estar em falta nos dias atuais. Consegue se manter acima da média fácil ainda hoje.

TRISTEZA DO JECA

Título Original: Tristeza do Jeca
Diretores: Amácio Mazzaropi & Milton Amaral
Ano: 1961
País de Origem: Brasil
Duração: 93min

Sinopse: Dois políticos disputam a eleição e no vale-tudo, para angariar votos, tentam enganar os eleitores, simples pessoas do campo, usando o Jeca como cabo eleitoral. O problema é que o Jeca acaba fazendo campanha para os dois e as trapalhadas começam a acontecer resultando em divertidas confusões. primeiro filme colorido de Mazzaropi. Um sucesso enorme de público.

Comentário: Sempre ouvi falar do Mazzaropi, principalmente do meu avô, mas nunca havia parado para assistir um filme dele. Gostei bastante desse filme, com todo o clima de eleição que estávamos vivendo nos últimos dias, deveria ter assistido antes. O filme é uma crítica à democracia em que vivemos, retratando o voto de cabresto, coronelismo, opressão ao povo do campo, tudo com muito bom humor e drama misturado. Mazzaropi deveria ser mais valorizado por nós brasileiros, não deixa em nada a desejar para comediantes de peso, como o Jerry Lewis, e está demorando muito para que seus filmes sejam devidamente remasterizados. Há momentos em que o áudio está bem ruim, mas na maioria o filme tem o som nítido.


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

DAMA POR UM DIA

Título Original: Pocketful of Miracles
Diretor: Frank Capra
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 131min

Sinopse: Apple Annie (Bette Davis) é uma vendedora de rua que começa a viver um drama ao saber que a filha Louise, desde criança educada longe de sua presença, está vindo visitá-la acompanhada de seu noivo, um rico e belo rapaz. O problema é que Louise acredita que sua mãe é uma alta dama da sociedade. E para ajudar Apple a sair dessa confusão, Dude, um cavalheiro bem sucedido - de maneira duvidosa - busca encontrar uma solução para que Louise e o seu príncipe sejam felizes para sempre.

Comentário: O filme é o último da grande carreira do diretor Frank Capra, é inclusive um remake de um filme que ele mesmo dirigiu em 1933 que tinha o título original "Lady for a Day". O filme poderia ter um ponto a mais na nota, porque é muito bom, mas eu não entendo esse negócio do cara fazer um remake de seu próprio filme, fico imaginando o Hemingway reescrevendo O Velho e o Mar trinta anos depois, e me pergunto, pra que isso? Enfim, o filme é ótimo, as atuações de Bette Davis e Glenn Ford são dignas de encerrar a carreira de qualquer diretor. Peter Falk (que depois deste filme e do Assassinato S.A. eu tenho certeza que deve ser parente do Joe Pesci) foi inclusive indicado ao Oscar de melhor ator coadjuvante. O desfecho me agradou bastante, não é tão fechadinho como eu esperava.

OS ESPERTINHOS

Título Original: Les Godelureaux
Diretor: Claude Chabrol
Ano: 1961
País de Origem: França
Duração: 97min

Sinopse: Ronald (Jean-Claude Brialy) é publicamente humilhado por Arthur (Charles Belmont) e conspira para destruir a vida de Arthur, usando Ambroisine (Bernadette Lafont) como isca.

Comentário: O filme não tem título em português, tentei uma tradução que achei a mais próxima da original. O filme é bem bizarro, talvez o mais espontâneo da carreira do Chabrol, mas não deixa de ser muito esquisito em alguns momentos. Jean-Claude Brialy está magnanimamente ótimo em momentos WTF, hahahahahaha, não tinha como não rir e ficar com cara de tacho pensando "O que diabos o diretor tomou pra chegar neste ponto?". Eu daria uma nota 6 pro filme, mas como todo filme com a Bernadette Lafont recebe um ponto de bônus, deixo com 7. Lafont é minha musa do cinema francês, não existiu nem vai existir ninguém que tome o lugar dela no meu coração no cinema francês. O filme dá uma decaída no final, fica meio mostrando mais do mesmo, mas nem por isso deixa de ser interessante.


segunda-feira, 27 de outubro de 2014

HÉRCULES NO CENTRO DA TERRA

Título Original: Ercole al Centro della Terra
Diretores: Mario Bava & Franco Prosperi
Ano: 1961
País de Origem: Itália
Duração: 81min

Sinopse: Hércules precisa lutar contra um monstro de pedra, recuperar uma maçã dourada da árvore de Hespérides e enfrentar horrores de Hades para salvar sua amada das garras do perverso Lyco.

Comentário: Foi o segundo filme com Reg Park no papel de Hércules, e saiu no mesmo ano que o primeiro (Hércules na Conquista da Atlântida). Esperava mais deste filme do que do primeiro, principalmente por ter Mario Bava como um dos diretores, mas decepcionou um pouco, preferi o filme anterior. O outro filme é mais dinâmico que este, mais leve em tom de aventura. Este filme tenta ter elementos de terror, logicamente por ter o Bava na direção, mas achei que erraram um pouco a mão, conhecendo os filmes do Bava você consegue definir que cenas foram do Bava e que cenas foram do Prosperi, acho que Bava podia ter encarado o filme mais como uma brincadeira, pra colocar momentos de terror sim, mas de uma maneira mais leve, não que o filme dê medo, mas se criou um certo contraste que não convence muito bem. O filme também não é ruim, está ali na média, mas me diverti bem mais assistindo ao anterior. Christopher Lee interpreta Lyco e está bastante longe de ser o ator que se tornaria, mas vale a pena vê-lo no começo de carreira. Reg Park continua com seu carisma interpretando o personagem.


QUANDO SETEMBRO VIER

Título Original: Come September
Diretor: Robert Mulligan
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 109min

Sinopse: O rico empresário Robert Talbot (Rock Hudson) chega mais cedo do que o de costume para suas férias anuais em sua luxuosa vila italiana e logo dá de cara com três grandes problemas. Primeiramente, a sua eterna namorada Lisa Fellini (Gina Lollobrigida) desistiu de esperar por um pedido de casamento e resolveu casar-se com outro homem. O segundo é ainda pior: o caseiro de sua vila transformou-a em um luxuoso hotel que funciona nos períodos em que Robert está ausente, e está ganhando muito dinheiro às suas custas. E por último, vem o pior: os atuais hóspedes são um grupo de lindas e barulhentas adolescentes americanas que estão tentando escapulir com um bando de garotos liderados por Tony (Bobby Darin).

Comentário: O filme é muito divertido, as situações são bem engraçadas e muito bem desenvolvidas ao longo do filme, o mesmo vale para os personagens. Rock Hudson está ótimo,  Gina Lollobrigida além de ótima está linda, lembrando muitas vezes Sophia Loren. O filme cai um pouco pro final, mas sem deixar de divertir. Bobby Darin (de quem sou fã na área musical) está muito melhor como ator do que no A Canção da Esperança, e melhor ainda porque neste ele consegue cantar. Foi neste filme que Bobby Darin conheceria sua futura esposa, a atriz Sandra Dee que faz par romântico com o cantor. Temas como o machismo da sociedade da época são alfinetadas quase que durante o filme inteiro. Ótima pedida para assistir pra desestressar.


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

MANDACARU VERMELHO

Título Original: Mandacaru Vermelho
Diretor: Nelson Pereira dos Santos
Ano: 1961
País de Origem: Brasil
Duração: 74min

Sinopse: Prometida a outro homem, jovem órfã passa a noite com um vaqueiro, empregado da fazenda onde vive. Fiel à tradição nordestina, sua família promete vingar-se e persegue os amantes, com a intenção de matá-los.

Comentário: O filme é mediano, nem bom, nem ruim, fica naquele nível que você não sabe exatamente o que pensar. A direção de Nelson Pereira dos Santos é boa, algumas tomadas são bem legais, mas o que fode é as atuações, são fracas demais. A história não é mil maravilhas, uma típica história de amor recheada de clichês, mas o roteiro vai crescendo conforme o filme vai se desenrolando e chegando ao final. A lenda que permeia o massacre do Mandacaru Vermelho podia ser mais explorada, mas apesar dos pesares eu gostei bastante do fim, acho que conseguiu fechar o filme muito bem. A melhor atriz do filme é a Sônia Pereira (Clara), que era namorada de um dos atores que caçam o casal. Nelson Pereira dos Santos interpreta o personagem principal, provando que como ator era um ótimo diretor.


HÉRCULES NA CONQUISTA DE ATLÂNTIDA

Título Original: Ercole alla Conquista di Atlantide
Diretor: Vittorio Cottafavi
Ano: 1961
País de Origem: Itália
Duração: 100min

Sinopse: O magnífico e incomparável filho dos deuses, Hércules, encara mais um grande desafio, tendo que salvar uma belíssima nobre das garras de uma terrível e maligna criatura. Ela o acolhe em sua cidade natal, a lendária Atlântida, onde Hércules deve enfrentar mais perigos e desafios para salvar a vida da garota, ameaçada pela própria mãe da donzela, e também a vida de seus companheiros. Tudo isto deve ser feito antes que a cidade e todos os seus habitantes sejam completamente destruídos, inclusive o nosso herói.

Comentário: Tá, o filme é meio tosco, mas ele diverte e é isto que vale. Não dá pra avaliar este filme da mesma maneira que se avalia um filme do Antonioni, por exemplo. Lembrei quando assisti As Minas do Rei Salomão quando era moleque, lembro que me impressionou muito, acho que este filme segue mais ou menos a mesma linha, fico imaginando um garoto de 10 anos assistindo isso lá pra década de 60 e realmente devia ser demais. Reg Park não é um ator muito bom, mas tem muito carisma, e é isto que acaba contando no final das contas. O filme acaba te envolvendo, e por mais clichês que tenha, por mais mirabolante que seja, se você conseguir abstrair e tirar lá de dentro aquele moleque de 10 anos que ainda está por aí em algum lugar, então o filme realmente pode ser bem legal.


quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O POÇO E O PÊNDULO / A MANSÃO DO TERROR

Título Original: The Pit and the Pendulum
Diretor: Roger Corman
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 80min

Sinopse: O filme se passa num velho castelo na Espanha do século XVI. Francis Barnard, o jovem cunhado inglês de Nícolas Medina (filho do carrasco da Inquisição Espanhola Sebastian Medina), vem ao castelo ao saber da repentina e misteriosa morte de sua irmã Elisabeth. Barnard desconfia de Nícolas que, apesar de dizer ter amado sua irmã, apresenta sinais de instabilidade por ter visto a mãe ser morta por seu pai.

Comentário: Um belo filme de terror bem no estilão do Corman, com direito a Vincent Price, uma pequena participação de Barbara Steele e tudo isso baseado em um conto do Edgar Allan Poe. Price está muito bem no papel, a carga dramática do personagem, seus tormentos, traumas e sofrimento é tudo encenado com muita competência e teatralidade, toda a construção do passado do personagem é muito aterrorizante. Infelizmente, como já disse anteriormente, a Barbara Steele aparece muito pouco, mas o importante é que o filme consegue surpreender. Não consegui matar a charada de tudo o que estava acontecendo, o suspense funciona muito bem, hora você desconfia de um personagem, hora de outro. John Kerr, que interpreta Francis Barnard, é meio apático, mas dou um desconto porque devia ser difícil competir com o Price a atenção na tela. Um dos melhores do Corman que assisti.


PROJETO DE ASSASSINATO

Título Original: Ankokugai No Dankon
Diretor: Kihachi Okamoto
Ano: 1961
País de Origem: Japão
Duração: 74min

Sinopse: Jiro, supervisor em uma empresa baleeira, é informado que seu irmão morreu em um acidente de carro. Resolvido a investigar por conta própria, descobre que a fatalidade não foi mero acaso, mas sim uma provável ação envolvendo espionagem industrial.

 Comentário: É um filme que quando você termina logo pensa "Uau, que da hora, preciso ligar pro Tarantino pra comentar sobre o filme", daí você se da conta de que não tem o telefone do Tarantino e nem sequer é amigo próximo dele pra comentar o filme e fica extremamente chateado por isso. A direção de Akamoto dá um salto enorme se comparar o seu filme anterior (A Última Cena de Tiros), não que a direção no anterior tenha sido ruim, mas neste ele consegue realmente chamar muito a atenção em vários momentos, acertou a mão em cheio neste. O filme é curto e dinâmico, exagerado e cômico, noir e original. As atuações estão na medida, dei muita risada em muitos momentos, mas consegue deixar o telespectador apreensivo até se utilizando de clichês. Uma verdadeira obra de arte, que eu tenho quase certeza que deve ter influenciado de alguma maneira o jeito despojado do Tarantino. Vale muito a conferida.


segunda-feira, 20 de outubro de 2014

OS INOCENTES

Título Original: The Innocents
Diretor: Jack Clayton
Ano: 1961
País de Origem: Inglaterra
Duração: 100min

Sinopse: A senhora Giddens (Deborah Kerr) é contratada para cuidar de Flora e Miles, dois irmãos que ficaram órfãos em circunstâncias misteriosas. Com o passar do tempo, Giddens acredita que existe alguma coisa escondida nas trevas da mansão, fazendo com que as crianças tenham um comportamento muito assustador. E a jovem governanta não sabe se terá forças para enfrentar esse perigo oculto na face de crianças inocentes demais para cometer algum mal.

Comentário: Adaptação da obra de Henry James intitulada "A Volta do Parafuso", o filme é muito bom e consegue ainda hoje me arrepiar até a espinha. Obviamente o filme Os Outros (do Alejandro Amenábar e com a Nicole Kidman) usou este filme como referência para várias sequências. Deborah Kerr perde um pouco o foco do espectador ao ter que competir atenção com as duas crianças que atuam muito bem, Martin Stephens (que interpreta o Miles) já havia mostrado talento quando fez no ano anterior A Aldeia dos Amaldiçoados, mas é Pamela Franklin (que interpreta Flora) que rouba a cena de todo mundo. Michael Redgrave aparece só em uma ponta, podia ter aparecido mais, o personagem do tio é bem interessante pra ter aparecido tão pouco. A direção é muito boa e a fotografia preto e branco ajuda a manter um clima sombrio e assustador. Uma curiosidade interessante é o fato da atriz Megs Jenkins (que interpreta a Mrs. Grose) ter interpretado o mesmo papel em 1974, 13 anos depois, no filme A Volta do Parafuso dirigido por Dan Curtis. O filme é um dos melhores do gênero e não fica devendo em nada para clássicos como O Iluminado.


INFÂMIA

Título Original: The Children's House
Diretor: William Wyler
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 107min

Sinopse: Duas professoras de uma escola particular têm suas vidas viradas do avesso quando uma das crianças denuncia um sentimento um pouco maior que amizade entre as duas. A avó da garota, poderosa na cidade, trata de espalhar a história e fazer com que todos se voltem contra as pecadoras.

Comentário: Pra mim é um dos filmes mais fortes de toda a carreira de Wyler, é um tapa na cara da sociedade conservadora de várias maneiras diferentes. Hepburn está muito bem no papel, mas é a Shirley MacLaine quem rouba a cena, consegue cativar o espectador aos pouquinhos, de uma maneira leve e quase imperceptível. Tudo no filme flui bem, quando você percebe já está no final e quer que o filme ainda demore uns vinte minutos pra acabar. Tem várias personagens que consegue te tirar do sério e fazer com que a raiva aflore de todo o seu ser, mas poucas conseguiram me irritar tanto quando a tia da Martha, que raiva daquela velha escrota. E que atuação foi aquela das crianças? Atuam muito bem, quando o diretor é bom consegue extrair o que os atores tem de melhor a oferecer, este filme não foge a regra. Assistam!


sexta-feira, 17 de outubro de 2014

DANÇANDO NA CHUVA

Título Original: Ples v Dezju
Diretor: Bostjan Hladnik
Ano: 1961
País de Origem: Iugoslávia
Duração: 100min

Sinopse: Será que tudo o que aconteceu durante sua vida foi realidade? Ou existe algum sonho incorporado como real em sua memória? Você tem certeza disso? O drama de Maruša – uma atriz - que está envelhecendo, indo para a janela “pensado que a banda está tocando pra ela”. As sensações de Peter – um professor – de que não fez o que deveria ter feito, tanto na profissão quanto nos seus sentimentos.

Comentário: O filme é bom, acima da média, tem arte, poesia, complexidade, mas não é fácil de assistir. A história não deixa de cair em um certo clichê e a narrativa não te prende tanto assim, portanto é na parte técnica que ele consegue estar acima de muitos outros filmes. A direção é ótima, tem cenas em que o presente e o passado se misturam que é simplesmente de tirar o fôlego. Simbolismos permeiam todo o filme (bonecas, navalhas, o casal apaixonado, etc...) e parecem peças perdidas de um quebra cabeça gigante. Um filme que eu só indico pra quem se interessa por esta parte técnica que envolve direção, iluminação, direção de arte, essas coisas, pois a história em si não me convenceu muito.


O FASCISTA

Título Original: Il Federale
Diretor: Luciano Salce
Ano: 1961
País de Origem: Itália
Duração: 97min

Sinopse: 1944. Primo Arcovazzi, um membro fanático da organização fascista, é encarregado de levar o oponente ao regime, o Prof. Erminio Bonafé, de Abruzzo para Roma. Ele aceitou a tarefa devido a seu desejo de ser promovido a "Federale". Eles viajam por uma estrada da Itália, entre bombardeios. No entanto, acabam criando uma certa amizade.

Comentário: Um filme divertido, que apesar de ter vários momentos que caem um pouco no clichê, consegue entreter bem e ter vários outros momentos bem originais. Ugo Tognazzi está muito bem no papel e é o ponto alto do filme, interpretando de forma caricata um fascista cabeça dura que não consegue nem entender o que é o próprio movimento fascista. Stefania Sandrelli novinha de tudo consegue algum destaque nas poucas cenas que aparece. A direção é competente e o ritmo do filme se segura bem. O filme podia cair no pastelão, mas acho que consegue equilibrar bem a comédia com a crítica ao fascismo.


quarta-feira, 15 de outubro de 2014

PARIS VIVE À NOITE

Título Original: Paris Blues
Diretor: Martin Ritt
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 95min

Sinopse: Dois músicos de jazz americanos, Ram Bowen (Paul Newman) e Eddie Cook (Sidney Poitier), escolheram exercer suas carreiras em Paris. Lá eles conhecem duas americanas, Lillian Corning (Joanne Woodward) e Connie Lampson (Diahann Carroll), que estão em férias. Eles se apaixonam por elas e são correspondidos, no entanto elas exigem que eles retornem aos Estados Unidos se desejam algo mais sério. Assim eles se vêem obrigados a avaliar o modo de vida deles e suas carreiras, para então poderem comparar com o amor que sentem por elas.

Comentário: A história em si é bem fraquinha, a química entre os dois casais não convence muito bem e muitas ocasiões me parecem bastante falsas. Mas o filme está longe de ser ruim e cresce bastante do meio para o final, gostei bastante do desfecho, acho que acontece o que tem que acontecer. O que salva definitivamente o filme de não ser só mais um filme água com açúcar é o jazz, a música é quase como um personagem e toma uma forma de quase protagonista, a melhor cena de todas é o duelo entre o personagem de Paul Newman com Louis Armstrong. Poitier e Carroll ainda conseguem ter pontos altos quando discutem a situação dos negros na América.

ROUBARAM UMA BOMBA

Título Original: S-a Furat o Bomba
Diretor: Ion Popescu-Gopo
Ano: 1961
País de Origem: Romênia
Duração: 75min

Sinopse: A trama se passa em um país avançado, obviamente anônimo. Um jovem homem desempregado consegue uma bomba atômica depois de ela ter sido roubada por um grupo de gangsters. Ele não sabe exatamente o que fazer com ela, em meio a tudo ele anda pela cidade, onde se apaixona e é perseguido pelas autoridades e pelos gangsters que querem a bomba de volta.

Comentário: O filme não possui nenhum diálogo, tem apenas a música instrumental de fundo, homenageando assim os antigos filmes mudos, misturando também comédia, ação e crítica social. O diretor faz um excelente trabalho com o que tem em mãos, percebe-se que o filme tem um baixo orçamento, mas é este baixo orçamento que acaba tendo um papel fundamental em sua liberdade artística. Uma máquina de escrever com cérebro, soldados que parecem saídos de Fahrenheit 451 e o discurso de medo de uma bomba atômica que permeava os anos 60 dão um toque mais que especial ao filme.


terça-feira, 14 de outubro de 2014

LÉON MORIN, O PADRE

Título Original: Léon Morin, Prêtre
Diretor: Jean-Pierre Melville
Ano: 1961
País de Origem: França
Duração: 112min

Sinopse: Uma obra atípica do cineasta francês Jean Pierre Melville. Em Léon Morin, ele conta a história de uma viúva que vive com a sua pequena filha France e que é militante do partido comunista. Um dia, ela decide dirigir-se à paróquia e confrontar um padre com a idéia da inexistência de Deus. Contudo, a reação do padre não era aquela que ela imaginava. Melville usa um assombroso preto-e-branco para filmar uma história de amor que acontece entre as ruínas da França ocupada pelas forças da Alemanha e Itália.

Comentário: Um belo filme, aqui não importa tanto a construção dos personagens, a direção, a ocupação nazista na França ou tudo que acontece em torno deles, o que realmente vale o filme são os diálogos entre o padre (Jean-Paul Belmondo) e a viúva (Emmanuelle Riva). Os dois atores são monstros em atuação, as discussões a respeito da existência ou inexistência de Deus e de tudo o mais que eles confrontam é muito bem escrito, os dilemas e a maneira como o padre encara o próprio catolicismo é maravilhoso, um filme ousado para a época em que foi lançado. Gostei do desfecho e da evolução dos personagens ao longo do filme, o filme dá uma diminuída no ritmo do meio pro final, mas nada que atrapalhe demais. Vale a pena.


EL CID

Título Original: El Cid
Diretor: Anthony Mann
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 185min

Sinopse: Um épico, que retrata a trajetória de Rodrigo Diaz de Bivar, mais conhecido como El Cid, herói espanhol do século XI que uniu os católicos e os muçulmanos do seu país para lutar contra um inimigo comum, o emir Ben Yussuf, conquistador de todo o norte africano e oriente médio. Esta longa jornada começou quando Rodrigo, um súdito do rei Ferdinand de Castella, Leão e Astúrias, liberta cinco emires que eram prisioneiros dele e por causa deste ato é acusado de traição. Don Ordóñez o acusa inicialmente, mas na corte é o Conde Gormaz de Oviedo quem acusa duramente Rodrigo e humilha Don Diego, o pai de Rodrigo. Estes acontecimentos acabam provocando um duelo de Rodrigo com o Conde Gormaz, o campeão do rei. Rodrigo o mata, mas acontece que Gormaz também era pai de Jimena, a mulher que Rodrigo amava e com quem ele pensava em se casar. Mas, em virtude do acontecido, ela passa então a odiar, ou pelo menos pensa que odeia Rodrigo, seu antigo amor. Um épico de amor, conquista e batalhas sangrentas, a história do guerreiro que ajudou a moldar as fronteiras da Espanha como ela é hoje.

Comentário: O filme é completamente romantizado pra uma visão americana, as características da personalidade de El Cid não deve ter muito embasamento histórico, e me incomoda bastante esses filmes que se passam na Espanha e ninguém fala espanhol (imagina um filme que se passa no nordeste brasileiro e todo mundo falando em inglês, é difícil de engolir). A visão americanizada não para por aí, El Cid parece um americano alienado, o que muitos enxergam como nobreza e honra eu vi como completa imbecilidade, um homem que serve um rei corrupto sem debater se o que está fazendo é o certo, assim o filme consegue ser bem atual, pois está cheio de El Cids no cenário político atual. O filme é comprido demais, tem momentos bons e outros que se arrastam, enfim, só indico mesmo pra quem for fã de épicos ou dos atores, pois Heston está muito bem no papel e Sophia Loren é sempre um colírio para os olhos.


sexta-feira, 10 de outubro de 2014

FIM DE VERÃO

Título Original: Kohayagawa-ke No Aki
Diretor: Yasujiro Ozu
Ano: 1961
País de Origem: Japão
Duração: 103min

Sinopse: Retrato das mudanças sofridas pelo Japão após a Segunda Guerra Mundial. A época é retratada através da família Kohayagawa, proprietária de uma próspera fábrica de sakê. O chefe do clã tem uma amante e uma filha já adulta e passa agora por problemas de saúde. A filha mais nova tem um casamento arranjado e, ao mesmo tempo, ajuda a cunhada viúva a encontrar um novo marido.

Comentário: Acho que se fosse o último filme do Ozu eu daria nota máxima, seria um belo filme pra encerrar a carreira por todos os simbolismos de gerações que o filme carrega. A única coisa que me incomodou negativamente no filme é a semelhança deste filme com o seu filme anterior, Dia de Outono, tem partes que parece o mesmo filme. Setsuko Hara parece até interpretar a mesma personagem. Quem rouba a cena é o Ganjirô Nakamura, interpretando o patriarca da família Kohayagawa, transborda talento e simpatia. Preferi Dia de Outono, provavelmente porque o assisti antes, acho que iria preferir este se tivesse visto primeiro... enfim, a direção de Ozu é sempre impecável e já faz o filme valer a pena por si só.


O EMPREGO

Título Original: Il Posto
Diretor: Ermanno Olmi
Ano: 1961
País de Origem: Itália
Duração: 93min

Sinopse: O filme conta a história de Domenico, jovem da classe operária de uma pequena cidade, que se candidata a uma função administrativa em uma grande empresa de Milão. Após um longo dia de testes, em que conhece Antonietta, também candidata, ele é contratado e se vê no degrau mais baixo da escala hierárquica de uma enorme e burocrática companhia. Um comovente filme sobre os ritos de passagem do adolescente e uma aguda observação sobre a desumanização do setor corporativo.

Comentário: É o segundo filme de Ermanno Olmi e ele já demonstra um incrível talento. O filme é simples, mas te prende muito bem, o começo me lembrou bastante Antes do Amanhecer quando ele conhece Antonietta. O único ponto negativo fica pro desenvolvimento desses dois personagens, podia ter sido melhor. Sandro Panseri, que interpreta o personagem principal, atua muito bem, o jeito acanhado, a maneira de falar e de se comportar, tudo esta perfeito. Loredana Detto, que interpreta Antonietta é maravilhosa, não me espanta que o diretor tenha começado um relacionamento com ela com quem está até hoje em um casamento de mais de cinquenta anos (Só é uma pena que nunca mais tenha feito nenhum filme).


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

HERANÇA DA CARNE

Título Original: Home From The Hill
Diretor: Vincente Minnelli
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 143min

Sinopse: Estados Unidos, final dos anos 1950. Em uma cidadezinha do Texas, o capitão Wade Hunnicutt é um fazendeiro rico, amoral e mulherengo, que vive em conflito com a esposa e com o filho, que resolveu se tornar um homem, deixando para trás a imagem de filho mimado que cultivou por anos na sociedade local.

Comentário: Pode parecer um novelão, e em vários aspectos não deixa de ser, mas a construção de cada personagem é uma das coisas mais fortes que este filme tem para oferecer. É o segundo filme que assisto de Minnelli (Essa Loira Vale Um Milhão) e pude perceber a importância que ele dá para que seus personagens sejam coerentes, reais e não tomem decisões fáceis que tornarão o filme mais fácil de ser conduzido, muito pelo contrário, o filme vai se desenvolvendo de maneira surpreendente devido a esta construção de seus personagens. Robert Mitchum está excelente no papel,  que é fiel a seus preceitos e estilo de vida até o final do filme. Foi uma bela surpresa, o desfecho, a mudança e amadurecimento dos personagens, tudo se encaixou muito bem. Um belo filme, onde nem tudo sai como a gente quer, imitando a vida como ela é.


O DONO DA BOLA

Título Original: O Dono da Bola
Diretor: J.B. Tanko
Ano: 1961
País de Origem: Brasil
Duração: 89min

Sinopse: Carlos Bronco é um grande preguiçoso que é sorteado para participar de um programa de gincanas na TV chamado O Dono da Bola, onde a cada semana é dado o prêmio de CR$100.000 para quem efetuar as tarefas solicitadas. Ele pretende ganhar para ajudar a bela Eva a pagar dívidas e, assim, conquistar o coração da moça.

Comentário: Uma boa comédia brasileira com um grande elenco que conta com nomes como Golias, Grande Otelo, Norma Blun e Costinha. O filme é inteligente, não deixa a peteca cair e tem um ótimo desenvolvimento. Golias, como sempre, sabe interpretar muito bem o personagem que desenvolveu por quase toda a vida, seus trejeitos teatrais de palhaço de circo dão um show. Norma Blun está belíssima no filme, contagia fácil o público masculino. O ponto negativo fica pra participação do Costinha, que podia ter um espaço maior no filme, gosto muito dele e ficou um gostinho de que seu personagem foi mal aproveitado. Não é um super filme, mas é garantia de boas risadas descompromissadas.


segunda-feira, 6 de outubro de 2014

OS CANHÕES DE NAVARONE

Título Original: The Guns Of Navarone
Diretor: J. Lee Thompson
Ano: 1961
País de Origem: Inglaterra
Duração: 156min
 
Sinopse: Grécia, 1943. Dois mil soldados britânicos perderam-se em Kheros. Exaustos e indefesos, eles têm apenas uma semana para partir, pois em Berlim o supremo comando do eixo determinara fazer uma demonstração de força no Mar Egeu, para fazer a Turquia entrar na guerra do seu lado. A única rota de fuga possível estava bloqueada, pois dois canhões enormes controlados por um radar estavam em Navarone, uma ilha vizinha. Assim, um grupo aliado tem a quase impossível missão de escalar uma parede de rocha em Navarone e invadir uma fortaleza nazista, onde estão os canhões, que se não forem destruídos vão afundar diversos navios aliados, pondo um fim na tentativa de resgatar os soldados britânicos.
 
Comentário: Um ótimo filme de ação, os três personagens principais (Gregory Peck, David Niven e Anthony Quinn) são muito bem desenvolvidos, dá pra entender a complexidade de suas ações conforme o filme evolui, porém os coadjuvantes são bem mal trabalhados. Brown é um expert em usar armas cortantes em conflito consigo mesmo, cansado de matar pessoas, podia ser bem mais trabalhado ao longo do filme. Spyros Pappadimos é apresentado como um jovem assassino com o sangue frio pra realizar o trabalho, mas que não mata quase ninguém e fica de canto quase todo o filme. Algumas cenas clichês pode fazer você achar que o filme não tem muito a apresentar, daí você cai na armadilha das cenas que te fazem pular da cadeira, e não são poucas. Com altos e baixos o filme acaba tendo bem mais altos e fica bem acima da média de muitas ações inglesas desta época. Não ficou muito datado e ainda consegue surpreender muita gente se comparar com filmes atuais. Vale a pena!
 
 

A CANÇÃO DA ESPERANÇA

Título Original: Too Late Blues
Diretor: John Cassavetes
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 100min

Sinopse: Ghost (Bobby Darin) é um talentoso e dedicado músico de Jazz que só toca aquilo que gosta com sua banda, sem se importar com sucesso ou retorno financeiro. Após conhecer Jess (Stella Stevens), uma cantora que vive à custa de Benny, seu agente, vai colocar em risco todo o sucesso do grupo.

Comentário: Sou um grande fã da carreira musical de Bobby Darin desde que tinha uns 18 anos de idade, ele foi um dos grandes músicos da história, na minha opinião, tão bom quanto Sinatra. Então tenho que deixar meu lado fã de lado pra analisar o filme, o que não é fácil. Bobby Darin convence no papel, mas sem exageros, ele não era um ator, então a interpretação é mais ou menos, assim como o filme que transborda clichês. A direção é muito boa, o ritmo da história também se segura bastante, mas o papel de "mulher rodada procurando uma vida com o homem que ama" de Stella Stevens não convence por nenhum momento, a personagem é muito mal desenvolvida. Everett Chambers, que interpreta o vilão Benny, no final das contas é o que mais convence, chega a dar nojo do personagem, e olha que Chambers também não era um ator, sempre foi um produtor de filme e quase nunca trabalhou como ator em toda sua vida. Então no geral é um filme mediano, que me chama a atenção por ter o Bobby Darin, mas que infelizmente não canta nada durante todo o filme.


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

SAMSON - A FORÇA CONTRA O MAL

Título Original: Samson
Diretor: Andrzej Wajda
Ano: 1961
País de Origem: Polônia
Duração: 112min

Sinopse: Um profundo estudo psicológico de Andrzej Wajda, sobre um jovem que acidentalmente mata um colega de escola em uma rixa e vai para cadeia. Ele é solto no início da II Guerra Mundial, para ser trancado mais uma vez, mas agora no Gueto de Varsóvia. Novamente ele escapa e se vê preso ao passado por ser judeu, este período vivendo como não judeu, a ameaça de ser capturado está presente todo o tempo. Este filme poderoso faz uso extraordinário de símbolos naturalistas. Mais uma belíssima obra prima do mestre polonês Wajda. Indispensável.

Comentário: Wajda tem praticamente 60 anos de carreira, para mim é um dos mais importantes diretores da história do cinema, seus filmes são sempre uma bela experiência, este não foge a regra. O tema pode ser batido, um judeu escondido dos nazistas fora do gueto, mas é a construção que faz a diferença. Há vários momentos ao longo do filme, fases que o personagem vai passando, e você vai se revirando na poltrona com todas elas. Existe uma loucura no ar, quase por todo o filme, personagens solitários que buscam o calor humano a qualquer custo, para não se sentirem inumanos. É um filme difícil de descrever, é preciso assisti-lo.  Wajda é um dos meus diretores preferidos, com uma importância tão grande quanto Bergman ou Fellini.