sábado, 25 de novembro de 2023

A PAIXÃO DE ANA

Título Original: En Passion
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1969
País de Origem: Suécia
Duração: 101min

Sinopse: Um homem recentemente divorciado conhece uma viúva emocionalmente devastada e começam uma história de amor enquanto a comunidade da ilha passa a conviver com um maníaco que comete atos cruéis contra animais.
 
Comentário: É um autêntico Bergman, bem profundo com diálogos afiadíssimos que fazem o filme valer a pena, mas não gostei muito da narrativa. A relação entre ele e a Ana é construída de forma apressada, não convence e não me prendeu. Em contrapartida todo o mote sobre o maníaco atacando animais e como o Bergman tece a teia sobre isso criando dúvidas e certezas que se entrelaçam é genial. Obviamente que é um filme que merece ser visto, mas ao mesmo tempo em que teve partes que me prendeu bastante, teve outras que me dispersou bastante também. Elenco perfeito e confesso que quando começou o filme achei estranhíssimo um Bergman colorido (estou vendo a filmografia do diretor em ordem cronológica e este é o primeiro em cores). Funciona, mas prefiro o diretor em preto e branco.
 

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

O INVENCÍVEL

Título Original: Aparajito
Diretor: Satyajit Ray
Ano: 1956
País de Origem: Índia
Duração: 110min

Sinopse: Segundo filme da trilogia sobre a vida de Apu que aqui consegue uma bolsa de estudos e sai de casa, mas a mãe não suporta sua ausência.
 
Comentário: Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza. Assim como o primeiro, é de partir o coração, então fica longe se estiver meio deprimido. Teve momentos que achei Sarbojaya, a mãe, bastante egoísta, mas teve momentos que achei Apu também. Interessante como as coisas flutuam nesse aspecto emocional, o filme começa praticamente onde o primeiro acaba, a família se adaptando na nova cidade, mas as coisas não saem exatamente como o planejado. De extrema relevância comparar a cena em que um personagem tenta entrar na cozinha e é repelido pela mulher, mostrando a forte cultura de estupro que existe na Índia, há muitos casos horríveis relatados no país. Acho que o filme se mantém tão bom quanto o primeiro, dá até para dizer que é meio que um filme só. Senti falta de Durga, acho que o filme teria mais força com ela dividindo o protagonismo.
 

domingo, 12 de novembro de 2023

O RITO

Título Original: Riten
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1969
País de Origem: Suécia
Duração: 76min

Sinopse: Acusados de encenar uma peça obscena, três atores são interrogados por um juiz. Durante e entre os interrogatórios, os segredos mais íntimos de todos são revelados. Neste filme sombrio, visceral e claustrofóbico, Bergman reflete sobre o papel do artista na sociedade.

Comentário: Pensa que é um filme para a TV feito em 1969 e tem gente hoje preocupada com nudez em exposição de arte. Feito em apenas 9 dias é uma bela de uma escarrada no conservadorismo da época e só isso já faz a grandiosidade do filme. Cheio de diálogos intrincados e de situações que geram desconforto em diferentes aspectos, mostra bem o que é o diretor no final desta década de 60, cheio de experimentalismos, verborragia e diálogos afiadíssimos. A maneira como as cenas são divididas e o desenvolvimento para aquele final maravilhoso, faz deste o melhor filme para a TV realizado por Bergman, e uma peça extremamente necessária dentro de sua filmografia. Gunnar Björnstrand está ótimo e Ingrid Thulin mostra talento de sobra com sua gagueira.


quarta-feira, 1 de novembro de 2023

VERGONHA

Título Original: Skammen
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1968
País de Origem: Suécia
Duração: 103min

Sinopse: Jan e Evan Rosenberg são dois músicos que vão viver em uma ilha para fugir da guerra civil que assola seu país. A vida corre sem problemas, mas logo soldados também chegam à localidade. O filme focaliza os sentimentos conflitantes dos personagens à medida que a guerra e a vida prosseguem.

Comentário: Definitivamente é o filme mais sombrio que já assisti do Bergman, e talvez o mais sombrio que já assisti na vida. Não esperava. Me pegou desprevenido. Um soco direto no estômago. Liv e Max estão fantásticos, tudo vai desmoronando de uma maneira tão sombria e pesada que fica difícil digerir tudo no final. Filme rodado no final da década de sessenta e ainda assim tão atual, tão parecido com o presente com bombas turcas destruindo Rojava, bombas americanas nas mãos de Israel destruindo Gaza, Ucrânia e Rússia ainda se engalfinhando e sabe-se lá como anda o Sudão ou Myanmar. Bergman vislumbrou um futuro sombrio e ele não poderia ter sido mais certeiro. Mais uma obra de arte da conta do mestre.