sábado, 4 de dezembro de 2021

PRISÃO

Título Original: Fängelse
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1949
País de Origem: Suécia
Duração: 75min

Sinopse: Martin, um jovem diretor do cinema, recebe a visita de seu antigo professor de matemática, que lhe sugere para fazer um filme sobre a natureza demoníaca do mundo. Por sua vez, um amigo de Martin, o jornalista Thomas, lhe propõe que filme outro tema - a história uma prostituta muito jovem, que sofre nas mãos de um violento cafetão.

Comentário: Dos primeiros filmes do Bergman, este é o melhor dos que vi até agora. Da para ver que aqui o diretor dá um salto em relação aos anteriores, experimenta mais, brinca de uma maneira singular com o telespectador, sem abrir mão do dramalhão de uma maneira única que só o Bergman sabia usar. Fiquei bastante impressionado com a cena inicial, os diálogos são ótimos, e a metalinguagem cinematográfica (tanto da abertura, como de alguns outros pontos dentro do filme) só mostra como o diretor era um gênio. Assistindo essa pérola eu quase chego a mesma conclusão do Greenaway de que o cinema morreu, mas acho exagero, pois ainda se faz cinema arte de muita qualidade, só é uma pena que não tenha mais a mesma divulgação que um Bergman tinha nessa época. Birger Malmsten me surpreende aqui de novo, excelente ator. Eva Henning me tirou suspiros. Nota mais do que dez!


domingo, 17 de outubro de 2021

MÚSICA NA NOITE

Título Original: Musik i Mõrker
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1948
País de Origem: Suécia
Duração: 84min

Sinopse: Um jovem pianista fica cego em um acidente durante o serviço militar. Aos poucos, ele se adapta à nova condição, mas desenvolve um complexo de inferioridade devido à compaixão que o rodeia. Sua vida ganha um novo sentido quando conhece Ingrid, uma órfã que trabalha como empregada doméstica.

Comentário: Dos primeiros filmes do Bergman, achei este o mais fraco, talvez por ser um pouco clichê. Os temas abordados são menos impactantes que os filmes anteriores do diretor, e a crítica social passa quase despercebida. O título em português não faz tanto sentido como o original "Música na Escuridão", já que o cara ficou cego e não perdido na noite. O que rouba a cena no filme é a atuação dos dois atores principais: Birger Malmsten, como sempre, está cativante e se entrega muito bem ao papel, já Mai Zetterling é encantadora demais (roubou meu coração). Nem a parte técnica da direção chama tanto a atenção como um Bergman costuma chamar. Apesar do roteiro previsível, a película consegue cativar e funcionar bem. Há uma cena de nudez da atriz, que se pensarmos que o filme é da década de 40, a gente regrediu muito com gente hoje em dia reclamando de gente nu em exposição de arte contemporânea.


sábado, 25 de setembro de 2021

MOBY DICK

Título Original: Moby Dick
Diretor: John Huston
Ano: 1956
País de Origem: EUA
Duração: 115min

Sinopse: Épica versão do grande clássico de Herman Melville, com roteiro adaptado pelo mestre da ficção fantástica Ray Bradbury e direção de John Huston. A trágica história do Capitão Ahab, tomado pela obsessão de perseguir e matar a gigantesca baleia branca que o aleijou e na qual passa a identificar as forças do caos em seu duelo eterno com a humanidade. Sua jornada o colocará em conflito com o pragmático primeiro imediato Starbuck, única alma no navio que não é possuída pelo magnetismo selvagem de seu capitão. Além do horizonte, com seu couro incrustado de antigos arpões, Moby Dick aguarda, majestosa e paciente. Real ou um sonho? Carne e osso ou um símbolo? Os marujos contam histórias, dizem que é imortal.

Comentário: Li o clássico há muito muito muito tempo atrás, parece até que em outra vida, mas foi um livro que me marcou profundamente. Sempre tive receio de assistir a filmes sobre, pois duvidava da possibilidade de se filmar o livro e manter a mesma mensagem. Eu estava certo, mas isso não significa nada. É um belo filme, com um excelente trabalho de Huston na direção, os efeitos podem parecer fracos hoje, mas mesmo percebendo que são baleias de mentira não tira em nada a emoção nas cenas. Gregory Peck é um Ahab maravilhoso na cena final, me tirou o fôlego. Interessante ver como Bradbury junto com o diretor conseguiram fazer uma obra até certo ponto fiel, o trabalho de adaptar Moby Dick é tão difícil que até hoje ninguém conseguiu fazer melhor desde a década de 50. O filme é muito acima da média do que imaginei, mas ainda recomendo o livro.


segunda-feira, 6 de setembro de 2021

CRISE

Título Original: Kris
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1946
País de Origem: Suécia
Duração: 93min

Sinopse: Nelly, uma jovem de 18 anos, vive com a mãe adotiva numa cidade do interior da Suécia. Tudo muda quando sua verdadeira mãe, proprietária de um salão de beleza em Estocolmo, aparece decidida a levá-la para a cidade grande. Encantada com as posses da mãe, Nelly decide acompanhá-la a Estocolmo, onde conhecerá o lado sombrio da natureza humana. Baseando-se na peça teatral dinamarquesa Coração de Mãe, Bergman realizou um melodrama que reflete a influência do existencialismo, em voga na época, e do realismo poético do francês Marcel Carné (O Boulevard do Crime).

Comentário: Primeiro filme do Bergman, já havia assistido, mas resolvi ver de novo para escrever esta resenha. O filme continua tão bom quanto da primeira vez que eu assistir, uma excelente estreia, pode não ser tão bom quanto alguns que ele realizou depois já no início de carreira, mas trás algumas reflexões bem interessantes.  O sentimento da mãe adotiva que não sabe se age por amor ou egoísmo nos faz pensar em nós mesmos em alguns momentos da vida, mas para mim o personagem de Jack (interpretado muito bem por Stig Olin) é o grande trunfo do filme: ele nos é apresentado como um possível vilão aproveitador quando na verdade vai na contramão de todos os paradigmas deste tipo de personagem, ele está longe de ser um santo, mas é fiel a quem é. Quase um Puck shakespeariano. Única coisa que me incomodou um pouco foi que a personagem de Nelly podia ter um pouco de mais destaque em alguns momentos que parece um pouco apagada.


sábado, 4 de setembro de 2021

ESTRADAS DO INFERNO

Título Original: Jet Pilot
Diretor: Josef von Sternberg
Ano: 1957
País de Origem: EUA
Duração:112min

Sinopse:Jim Shannon (Wayne) é um coronel da aeronáutica comandante de uma base no Alasca, localizada apenas a 40 milhas da União Soviética. A base entra em alvoroço quando, repentinamente, um jato soviético pede demissão para pousar. A surpresa é ainda maior, ao descobrirem que quem pilotava o jato era uma mulher, Anna Marladovna (Leigh), que quer desertar, mas sem a intenção de entregar segredos militares, pois não é uma traidora.

Comentário: Já devo ter dito por aqui que eu sou um esquerdista que ama os filmes do John Wayne. Produção de Howard Hughes (conhecido como o Aviador interpretado pelo Di Caprio) que demorou tanto para ficar pronta que quando saiu os aviões já estavam ultrapassados. Janet Leigh era dona de uma das belezas mais naturais de Hollywood e do sorriso mais bonito. O filme é bobinho, o Wayne odiou o resultado final, mas eu achei ótimo, porque ele consegue zoar tanto o lado capitalista como o comunista, apesar de tender para o americano (óbvio), é engraçado ver a desinformação que se tinha sobre como era o outro lado da Cortina de Ferro (parece um certo povo desinformado do século XXI que vê comunismo em tudo). O resultado final do filme é pura diversão se não ficar levando a sério. Mais uma bela obra com o Wayne. Último filme do diretor Sternberg, que fez história ao dirigir O Anjo Azul.


quinta-feira, 22 de abril de 2021

PORTO

Título Original: Hamnstad
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1948
País de Origem: Suécia
Duração: 97min

Sinopse: O marinheiro Gösta, que trabalha no porto de Gotemburgo, salva a vida da jovem Berit, que havia se atirado no mar. Então, Berit lhe revela por que tentava se suicidar: os problemas familiares, sua internação no reformatório e a trágica história de sua amiga Gertrud.

Comentário: Há quem diga que é um filme menor do Bergman. Para mim é tão grandioso quando o Chove Sobre Nosso Amor deste começo de carreira. Um filme forte, que trás reflexões e discussões que permeiam a sociedade até os dias de hoje. Em plena década de 40 o cara estava fazendo um filme metendo a mão na cara da sociedade machista, defendendo claramente o direito das mulheres fazerem aborto e relações muitas vezes abusivas das famílias para com seus filhos. Bergman foi um dos maiores gênios do cinema, aqui ele não decepciona e nos brinda com uma excelente história e tomadas maravilhosas.


domingo, 14 de março de 2021

A DAMA DE SHANGHAI

Título Original: The Lady From Shanghai
Diretor: Orson Welles
Ano: 1947
País de Origem: EUA
Duração: 87min

Sinopse: Michael O'Hara (Orson Welles) é um marinheiro que vê a bela Elsa Bannister (Rita Hayworth) passeando de charrete no parque. Ele a ajuda quando ela é assaltada por três homens, levando-a até seu carro. No dia seguinte Michael recebe a visita de Arthur Bannister (Everet Sloane), marido de Elsa e um advogado criminalista consagrado, que deseja que ele trabalhe em seu iate durante uma viagem que o casal fará. Inicialmente relutante, Michael aceita o trabalho devido à atração que sente por Elsa. Na viagem também está George Grisby (Glenn Anders), sócio de Arthur, que oferece a Michael US$ 5 mil caso ele o mate.

Comentário: Orson Welles era um gênio, este filme é só mais uma das provas disso. Mesmo com todos os cortes do estúdio e as polêmicas de interferência, Welles consegue nos entregar uma obra prima, com diálogos que refletem todas as ligações com os personagens (pra citar um, os dos tubarões se devorando, mas há muitos outros). Um filme que tem sua força escondida entre pequenos detalhes, em umas falas aqui, umas ações ali, e que talvez por isso seja tão difícil das pessoas enxergarem o quão brilhante ele é. Na época, chegaram a colocar a culpa do fracasso nas bilheterias porque o Welles pediu que Rita Hayworth cortasse os cabelos curtos. Eu simplesmente amei.


sábado, 23 de janeiro de 2021

UM BARCO PARA A ÍNDIA

Título Original:Skepp Till India Land
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1947
País de Origem:Suécia
Duração: 96min

Sinopse: Johannes (Birger Malmsten) é um marinheiro que, após sete anos no mar, volta à Suécia, para procurar Sally (Gertrud Fridh), a mulher que ama. Mas Johannes encontra uma Sally com perturbações mentais, fora de si e irada contra ele. Tal motiva a sua revisita ao passado, sete anos antes quando trabalhava no barco do pai, o despótico capitão Blom (Holger Löwenadler), que tratava Johannes, a sua mãe e os empregados tiranicamente, trazendo inclusivamente a dançarina de cabaré, Sally, como sua amante.

Comentário: Dos primeiros filmes do Bergman este foi o que achei mais fraco, mas mais por causa do dramalhão exagerado nas partes que se passam no presente. Todo o desenvolvimento dos personagens e em como as coisas vão culminando é um perfeito Bergman. Diálogos e situações que se mantém atuais para os dias de hoje em muitos aspectos. A direção e a parte técnica já mostra um pequeno salto dos filmes anteriores, a cena do moinho é maravilhosa, coisas que só o Bergman conseguia tirar de uma câmera. Um filme que vale pelo que há nas entrelinhas, que são assuntos muito atuais, como relacionamentos abusivos, prostituição, machismo, obsessões... entre tantas outras coisas.