quinta-feira, 28 de maio de 2015

O PAGADOR DE PROMESSAS

Título Original: O Pagador de Promessas
Diretor: Anselmo Duarte
Ano: 1962
País de Origem: Brasil
Duração: 91min

Sinopse: Zé do Burro põe-se a cumprir uma promessa e doa metade de seu sítio, para depois começar uma caminhada rumo a Salvador, carregando nas costas uma imensa cruz de madeira. Mas a via crucis de Zé ainda se torna mais angustiante ao ver sua mulher se engraçar com o cafetão (Geraldo Del Rey) e ao encontrar a resistência ferrenha do padre Olavo (Dionísio Azevedo) a negar-lhe a entrada em sua igreja, pela razão de Zé haver feito sua promessa em um terreiro de macumba.

Comentário: O Glauber Rocha pode dizer que "não provoca a menor reflexão" ou o Walter Lima Jr podem fala que "a peça em que se baseia é rudimentar como construção dramática e pouco significativa no desperdício de uma boa ideia", a verdade é que pra mim parece recalque, o filme é um dos melhores nacionais sim e merece todo o prestígio que tem. Lançado durante o governo do Jango, com uma enorme crise política ocorrendo que culminou no golpe militar, O Pagador de Promessas veio pra trazer muita reflexão, sobre a igreja e religião, sobre mídia e seu papel em gerar pânico, sobre a condição humana e tantas outras coisas. Não posso dizer que me lembro de ter assistido um filme nacional melhor do que este, mas posso estar exagerando sim. Havia assistido há uns dez anos atrás, reassistir só fez eu gostar ainda mais do filme, sem querer entrar se a Palma de Ouro foi merecida ou não é um baita filme. Triste ver que o cinema nacional foi ladeira abaixo, depois do golpe de 1964, e está tentando se reconstruir até hoje. As atuações começam meio mornas, mas vão crescendo muito conforme o filme vai transcorrendo. Geraldo Del Rey faz um dos maiores filhos da puta da história do cinema. Um filme obrigatório, que não fica devendo em nada pra nenhum outro país, afinal de contas, ganhou o Palma de Ouro em cima dos O Anjo Exterminador (Buñuel), O Eclipse (Antonioni), Cléo das 5 às 7 (Varda) e Longa Jornada Noite Adentro (Lumet). Cena final mais que espetacular, e que trás uma reflexão super atual para os dias de hoje, frente a um povo tão apático como os brasileiros e aos absurdos perpetrados pela câmara dos deputados de Cunha. Até quando o povo vai ficar estagnado frente aos calvários impostos a tantos Zés que tem por aí?


RÉQUIEM PARA UM LUTADOR

Título Original: Requiem For a Heavyweight
Diretor: Ralph Nelson
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 82min

Sinopse: Atuações de nocaute de Anthony Quinn, Jackie Gleason, Mickey Roony e Julie Harris destacam este vigoroso e persuasivo drama de corrupção no pugilismo. Após 17 anos no ringue, toca a última campainha para Mountain Rivera (Quinn). Um especialista confirma mais uma luta para o liquidado peso-pesado e ele poderá ficar permanentemente inválido. Relutante, mas com o aval de seu leal treinador (Rooney) e um cortês conselheiro de empregos (Harris), Rivera tenta obter um emprego fora dos ringues. Mas Maish (Gleason), seu administrador interesseiro tem outros planos para Rivera.

Comentário: Que filme! Sou suspeito pra falar, mas adoro boxe e filmes que retratam de maneira tão realista o assunto (Sou da velha guarda que odeia esse espetáculo todo de MMA). Anthony Quinn interpreta de maneira estupenda um boxeador encarando a aposentadoria depois de ter mais derrotas que vitórias, comove de uma maneira que nem sei explicar. A cena inicial em que o personagem de Quinn luta contra Muhammad Ali interpretado pelo próprio boxeador é incrível, outra participação especial é do boxeador Jack Dempsey. O desfecho é de cortar o coração, é poético, brutal e funciona como uma carga de realismo injetada direto na veia. O roteiro é simples, pode parecer até meio clichê, mas a maneira como as coisas vão acontecendo envolve tão bem o telespectador, que quando o filme termina você quer mais. Menção pra todo elenco que trabalha muito bem e tem uma ótima química junta.


terça-feira, 26 de maio de 2015

UMA SOMBRA EM NOSSAS VIDAS

Título Original: Le Couteau Dans La Plaie
Diretor: Anatole Litvak
Ano: 1962
País de Origem: França
Duração: 104min

Sinopse: Lisa Macklin (Sophia Loren), uma mulher italiana, tem uma briga com Robert (Anthony Perkins), seu marido americano, numa boate de Paris. Ele parte no dia seguinte para uma viagem de negócios, e Lisa não quer mais vê-lo novamente. Ela está com o amigo Alan na noite em que fica sabendo que o avião de Robert caiu e não houve sobreviventes.

Comentário: O filme foi inteiro gravado na França, teve produção francesa, mas é inteiro falado em inglês, já que o Perkins faz o papel de um americano vivendo na França. Anatole Litvak dirigiu um dos melhores, se não o melhor, filme de 1961 (Mais Uma Vez Adeus) e minha expectativa para este estava lá em cima, no alto. O filme é bom, com várias cenas interessantes, consegue te manter em um estado de nervosismo bem interessante, mas o personagem David Barnes, interpretado por Gig Young, simplesmente atrapalha todo o desenvolvimento, se não tivesse ele e o filme tivesse terminado uns minutos antes, teria sido bem melhor do que foi. Anthony Perkins está ótimo, um baita ator, mas é Sophia Loren que rouba a cena, acho que é o filme em que está mais bonita, os closes em seu rosto e suas expressões conquistam qualquer um. O personagem de Gig Young, no entanto, é chato, intrometido, babaca, moralista e hipócrita... um completo idiota que não tem utilidade nenhuma no filme, tirava ele e o filme subia uns dois pontos.


O CONDENADO DE ALTONA

Título Original: I Sequestrati di Altona
Diretor: Vittorio De Sica
Ano: 1962
País de Origem: Itália
Duração: 102min

Sinopse: Albrecht von Gerlach, dono de uma das principais companhias da Alemanha, chama seu filho Werner, um advogado casado com uma atriz, para assumir o comando da empresa. Werner, no entanto, não se mostra interessado, visto que a companhia de sua família ajudou o regime nazista durante a II Guerra. Werner, no entanto, não seria o primeiro na linha de sucessão, pois seu irmão mais velho, Franz, ainda vive. Acusado de cometer crimes durante o nazismo, Franz é condenado, mas consegue escapar da prisão e vive escondido durante 15 anos no sótão da casa da família, em Altona. Ele é ajudado por Leni, sua irmã, a enfrentar a loucura e o distanciamento social, apesar de acreditar que a Alemanha nunca se recuperou de sua derrota e que o mundo lá fora está totalmente destruído.

Comentário: Baseado em uma peça de Jean-Paul Sartre, o filme é muito bom, acredito que o melhor que já assisti do De Sica (preferi este ao Ladrões de Bicicletas). Sophia Loren foge um pouco do esteriótipo de seus papéis e consegue aqui uma baita interpretação, linda como sempre. O clima tenso dos encontros no sotão, a carga de psicologia e o fantasma da II Guerra Mundial fazem deste filme uma obra única, por conseguir unir tão bem os traumas da Europa com a guerra e uma narrativa que consiga envolver o telespectador tão bem. A interpretação de Fredric March como o líder do clã Gerlach está simplesmente brilhante, o cara era um monstro como ator. A direção do De Sica também está ótima e os personagens são tão complexos que dá um ar de realidade bem intensa ao filme. A única coisa que incomoda é os atores falando em italiano na Alemanha, não convence. A cópia que peguei estava com o som bem comprometido, quem gravou pegou uma interferência de uma rádio italiana, tem uma parte silenciosa que é bem fácil ouvir o Richard Ashcroft cantando Music is the Power.


sexta-feira, 22 de maio de 2015

ALGUÉM TEM QUE CEDER

Título Original: Something's Got To Give
Diretor: George Cukor
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 37min

Sinopse: Ellen Arden (Monroe), uma fotógrafa, mãe de duas crianças pequenas, se perdeu no mar do Pacífico. Anos depois, ela foi declarada legalmente morta e seu esposo Nick (Dean Martin), se casou novamente; ele e sua nova esposa, Bianca (Cyd Charisse), estão em lua de mel quando Ellen, que ficou perdida numa ilha deserta por cinco anos, é resgatada e finalmente volta para casa. Ao chegar em casa, o cachorro da família se lembra dela, mas as crianças, não. No entanto, eles começam a gostar dela e a convidam para ficar. Ellen adota um sotaque estrangeiro e finge ser uma mulher chamada Ingrid Tic. Nick, perturbado pela revelação de estar casado com duas mulheres, faz um grande esforço para esconder a verdade de sua nova esposa e se desvencilhar das investidas amorosas de Ellen.

Comentário: É simplesmente o filme inacabado mais famoso da história do cinema, último trabalho de Marilyn Monroe antes de vir a falecer prematuramente. O filme era um remake do sucesso de 1940, Minha Esposa Favorita estrelado por Cary Grant e Irene Dunne. Marilyn está evidentemente abatida, mas mais linda do que nunca também. A cena da piscina é histórica, sexy, estonteante e nem um pouco vulgar. Difícil dar uma nota já que o filme está inacabado, mas parece que seria uma outra ótima comédia de Cukor. Quando o filme termina com um "Corta" do diretor, vem aquela dor no peito, aquele arrepio de tristeza... o cinema perdia aqui sua maior musa, sua maior inspiração e uma estrela que brilhou mais forte do que todas as outras. Marilyn Monroe, nós nunca te esqueceremos, porque ela era tudo isso e muito mais!


EU ODEIO, MAS AMO

Título Original: Nikui Anchikusho
Diretor: Koreyoshi Kurahara
Ano: 1962
País de Origem: Japão
Duração: 105min

Sinopse: Daisaku é uma celebridade da mídia que vive um estranho romance com sua empresária, Noriko. Insatisfeito com a vida que leva, resolve largar tudo para cumprir um pedido encontrado no jornal, o de levar um velho jipe para um remoto povoado da ilha de Kyushu.

Comentário: Estava com um pé atrás, já que o único filme que havia assistido do diretor anteriormente não tinha me agradado (Os Deformados), mas eu simplesmente amei o filme. A direção é simplesmente espetacular desde o começo, a maneira em que tudo se desenvolve é perfeita e o final é fodásticamente de tirar o fôlego. O desenvolvimento dos personagens como da própria relação entre eles leva o filme em um ritmo crescente. Diálogos bem trabalhados e situações divertidas que fazem a gente pensar na própria vida e em relacionamentos passados, presentes e futuros. Atuações ótimas e Ruriko Asaoka mais linda do que nunca. Talvez um dos melhores filmes japoneses do ano, só espero que os próximos trabalhos do Kurahara não oscilem tanto como esses dois filmes que assisti.


terça-feira, 19 de maio de 2015

ARMADILHA A SANGUE FRIO

Título Original: The Criminal
Direção: Joseph Losey
Ano: 1960
País de Origem: Inglaterra
Duração: 97min

Sinopse: Logo após sair da prisão um bandido participa de um golpe. É preso novamente, mas antes esconde o conteúdo do roubo. Seus parceiros de assalto começam então a chantageá-lo para descobrir o esconderijo.

Comentário: Joseph Losey é definitivamente um grande diretor, preferi este filme ao Eva. Stanley Baker também está muito, mas muito mesmo, melhor neste filme. A cena inicial com o presidiário cantando e sussurrando "Kelly's Back" é simplesmente de tirar o fôlego. Algumas pontas soltas e um final rápido demais não atrapalham tanto. Não sei se gostei do desfecho, porém a imagem da cena final é tão boa que ignorei as coisas das quais não curti. Losey consegue mostrar o presídio de uma maneira muito realista, com uma fauna de personagens que compõe um habitat exclusivo de características e comportamentos. Recomendo! O filme termina e você se pega cantarolando "Kelly's Back! Kelly's Back!".


VIAGEM AO PLANETA PROIBIDO

Título Original: The Angry Red Planet
Diretor: Ib Melchior
Ano: 1959
País de Origem: EUA
Duração: 83min

Sinopse: O primeiro foguete tripulado enviado à Marte, o MR-1, retorna a Terra trazido por controle remoto após ter ficado perdido no Espaço e sem comunicação pelo rádio. Agora a Dra. Iris Ryan precisará se lembrar do que aconteceu durante a expedição para salvar a vida de um de seus companheiros.

Comentário: O filme diverte, mas é bem mal escrito, diálogos toscos, situações toscas e desenrolar tosco... mas devia ser um prato feito pra uma criança nesta época. A produção tenta imitar um pouco os filmes do Ishirô Honda, com direito a monstro gigante e tudo. O problema são coisas sem nexo, a mulher é uma cientista indo pra marte e se assusta com um alienígena como se ele fosse uma barata, personagens estereotipados com o machismo da época (que nem é exclusivo da época infelizmente). O braço do cara é contaminado com algo alienígena e os cientistas nem sequer pensam em amputar o braço dele ("Ou a gente cura o cara ou ele vai morrer, porque amputar o braço iria ser muita sacanagem"). Enfim, situações sem pé nem cabeça é o que não falta, mas a mensagem final é legal e deve ter ficado na cabeça de muitas crianças da época. Se tu for um amante de filmes B ou se assistir sem esperar muito é uma boa diversão pro final de um dia estressante.


sexta-feira, 15 de maio de 2015

SINUCA EM FAMÍLIA

Título Original: Totò, Fabrizi e I Giovani D'oggi
Diretor: Mario Mattoli
Ano: 1960
País de Origem: Itália
Duração: 91min

Sinopse: Carlo está apaixonado por Gabriella e decide casar com ela. Ela concorda, mas alguns problemas começam a aparecer quando seus pais se conhecem. Quando as coisas se tornam mais complicadas eles decidem fugir.

Comentário: Se não me falha a memória, este é o décimo terceiro filme do Totò que posto no blog. Dos quatro dirigidos pelo Mario Mattoli, este é o mais fraquinho, tem cenas ótimas, mas chega ao final um pouco cansativo, fica martelando sempre na mesma ideia e perde um pouco a mão. A química entre os comediantes (Totò e Aldo Fabrizi) é boa e consegue segurar bem o telespectador. Talvez se tivesse saído um pouco do foco dos pais e tivessem trabalhado um pouco melhor os personagens dos jovens apaixonados, teria dado mais pano pra manga e segurado melhor o filme. Não é o filme mais fraco do Totò, mas está longe de ser dos melhores também. Diverte, mas podia divertir bem mais como várias de suas comédias.


O AMOR AOS 20 ANOS

Título Original: L'amour à 20 Ans
Diretores: François Truffaut, Andrzej Wajda,
Renzo Rossellini, Shintarô Ishihara & Marcel Ophüls
Ano: 1962
País de Origem: França
Duração: 118min

Sinopse: O amor aos 20 anos, apresenta fragmentos de histórias de amores dirigidas por 5 diretores de diversos países: França, Polônia, Itália, Japão e Alemanha.

Comentário: São histórias curtas, algumas melhores do que as outras, mas vale a assistida já que conta com dois de meus diretores preferidos (Truffaut & Wajda). Na primeira história temos Truffaut trazendo de volta o personagem Antoine Doinel do filme Os Incompreendidos (e de vários outros depois), é um dos melhores episódios apresentados no filme. No segundo temos Andrzej Wajda contando a história de um herói que salva uma garotinha em um zoológico e logo atrai a atenção de uma garota compromissada, excelente direção e outro episódio muito bom. O terceiro, do diretor Renzo Rossellini, é o mais fraco de todos, não gostei muito como a história é conduzida e da maneira que fica aberta. O quarto é o mais estranho, o diretor Shintarô Ishihara não nos mostra uma história de amor, mas sim uma história de sociopatia doentia que está muito longe do amor, destoou demais das outras histórias. O quinto e último episódio, do diretor Marcel Ophüls, ganha a simpatia pela simplicidade, gostei muito deste episódio pelo realismo de uma situação comum, que deve acontecer tão frequentemente em toda parte do mundo. Só consegui assistir com áudio original os episódios franceses e o italiano, os outros, infelizmente, só achei com áudio dublado em italiano. Destaque para Barbara Frey, do último episódio, que conquistou meu coração no primeiro sorriso. Classifiquei o filme como Francês, pois é inteiramente de produção francesa, inclusive com o título original em francês, apesar de ter sido filmado em vários países diferentes por diretores de várias nacionalidades.


quarta-feira, 13 de maio de 2015

OS 3 SARGENTOS

Título Original: Sergeants 3
Diretor: John Sturges
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 112min

Sinopse: O clássico de 1939 Gunga Din é transferido da Índia Britânica para o Oeste Selvagem graças ao "clã" de astros conhecidos como Rat Pack. Frank Sinatra, Dean Martin e Peter Lawford interpretam três oficiais da cavalaria, que juntos com Sammy Davis Jr., sempre estão dispostos a levar vantagem, mas prontos a morrer por seus parceiros se necessário.

Comentário: O filme é uma espécie de remake do clássico Gunga Din, dirigido em 1939 por George Stevens, tirando a ação da Índia e colocando tudo no velho oeste americano. O filme diverte, é legal, mas nada demais. Cenas de ação, comédias e atuações canastras podem ser uma boa pedida de diversão. Frank Sinatra é um tremendo cuzão no filme, deu vontade de dar um tiro na cara dele se eu fosse o personagem do Peter Lawford. A direção de Sturges oscila um pouco neste filme, temos cenas excelentes como a briga na carroça em movimento, e outras nem tanto. Sturges já havia realizado um remake antes nos mesmos moldes (Sete Homens e Um Destino), onde a ação era tirada do Japão e transportada para o velho oeste, porém o filme anterior é muito superior a este. Os 3 Sargentos é um filme que poderia ser melhor, mas que cumpre o seu papel.


O BANDIDO GIULIANO

Título Original: Salvatore Giuliano
Diretor: Francesco Rosi
Ano: 1962
País de Origem: Itália
Duração: 123min

Sinopse: Partidário do separatismo e controvertido herói do povo siciliano, Giuliano foi acusado de assassinar um policial, então se oculta na árida campina da ilha, onde organiza um bando de foragidos. Quando os ideais políticos amadurecem logo depois da liberação da Sicília, alista-se no Exército Separatista, e comete ferozes atrocidades em nome da liberdade.

Comentário: Eu particularmente não gostei muito do filme, é feito pra italiano, que conhece bem a história, assistir. Eu, que não conhecia Salvatore Giuliano, fiquei boiando sobre o que pensar sobre a figura. Não expõe nenhum dos ideais dele e em determinado momento o filme me parece ser tendencioso, tem horas que o exército parece ser o grande vilão no filme (agindo como os nazistas em Nápoles em 1945), daí tem horas que o Salvatore Giuliano parece ser o vilão do filme. O filme não serve muito como documento e também fica devendo como filme, pois a história é toda cortada, não se mostra muito o desfecho das coisas (como por exemplo quando as mulheres se revoltam na cidade). Quais foram as intenções políticas por trás do massacre de Portella Della Ginestra? O filme não consegue argumentar sobre muita coisa. Vale mesmo é a direção e alguns momentos da história, que melhora bastante quando entra em cena Frank Wolff interpretando Gaspare Pisciotta.


sexta-feira, 8 de maio de 2015

TÉCNICA DE UM DELATOR

Título Original: Le Doulos
Diretor: Jean-Pierre Melville
Ano: 1963
País de Origem: França
Duração: 104min

Sinopse: Após Cumprir sua pena na prisão, Maurice Faugel está preste a cometer um assalto a uma mansão, para isso, precisa de seu amigo, Silien para conseguir o equipamento necessário, porém a rumores de que Silien seja um informante da policia.


Comentário: Um filme Noir em meio a Nouvelle Vague francesa. Filme brilhante e um dos roteiros mais bem escritos da história do cinema, é impressionante como a história consegue brincar com o telespectador sem ser prepotente ou mirabolante demais. O começo demora um pouco pra engrenar, mas depois que engrena é uma maravilha. O final, em um primeiro momento, não me agradou tanto, ficou "tarantinesco" demais, mas depois de um tempo que assisti comecei a gostar mais do desfecho. Jean-Paul Belmondo sempre escolhendo excelentes filmes. Segundo filme que assisto do diretor (Léon Morin, O Padre), preferi este. Uma aula de roteiro, mais do que de direção ou qualquer outra coisa.



O ASSALTO AO TREM PAGADOR

Título Original: O Assalto ao Trem Pagador
Diretor: Roberto Farias
Ano: 1962
País de Origem: Brasil
Duração: 102min

Sinopse: Tião Medonho, um dos criminosos mais perigosos do Rio de Janeiro, liderou, atacou e assaltou o trem pagador da Central do Brasil, seguindo ordens do misterioso Grilo, explodindo os trilhos com dinamite. Armados de revólveres e metralhadoras, seis assaltantes levaram 27 milhões de cruzeiros e mataram um homem. Para não levantar suspeitas eles decidem gastar apenas dez por cento do valor roubado, mas nem tudo corre tão bem quanto o planejado...

Comentário: É um baita filme, mas não é melhor que o Cidade Ameaçada do mesmo diretor. O filme se perde em alguns momentos e o desfecho não me agradou muito, o filme se arrasta um pouco no final e em alguns momentos pela metade. Há atores ótimos e outros nem tanto, Luiza Maranhão não parece estar tão à vontade com o papel como nos filmes anteriores (A Grande Feira e Barravento), mas no geral o filme cumpre o prometido e consegue se destacar bastante. 1962 foi um ano bom para o cinema nacional, com filmes acima da média em todos os gêneros. Reginaldo Faria consegue outra ótima atuação aqui, a cena em que ele coloca o dedo na ferida da sociedade preconceituosa e racista da época (que infelizmente não é exclusividade só daquela época, né?) é uma das melhores em todo o filme. Vale lembrar que o filme é somente baseado em uma história real (a história do Trem Pagador que foi assaltado), mas todo seu enredo e desenrolar é pura ficção.


quarta-feira, 6 de maio de 2015

OBSESSÃO DE MATAR

Título Original: War Hunt
Diretor: Denis Sanders
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 80min

Sinopse: Durante a guerra da Coréia, soldados marcham para o front de combate. Neste cenário chega o novato Roy Loomis (Robert Redford em seu primeiro papel para o cinema, antes disso só havia feito aparições na TV) que precisa se acostumar com uma guerra que parece fugir dos padrões de outras. No meio disso, uma criança coreana órfã tem a guarda disputada entre Loomis e um soldado com tendências sociopatas.

Comentário: Como é que o Robert Redford aguenta ter o mesmo corte de cabelo durante mais de cinquenta anos? O filme é muito bom, o tipo de filme de guerra que eu gosto, onde não se foca em combate, mas sim nos dramas e nas vidas dos combatentes em momentos entre as batalhas. Há muito pouco tiro e mais momentos reflexivos. John Saxon, surtado, consegue roubar as cenas em que aparece. Destaque para atores consagrados no começo de carreira como Sydney Pollack e Tom Skerritt. Há muitos filmes sobre a II Guerra e poucos sobre a Guerra da Coréia, este consegue alfinetar em vários momentos os motivos da guerra e sutilmente mostrar uma posição contrária a mesma. Excelente fotografia, direção e tem um ótimo desfecho. A nota é pessoal, porque definitivamente é meu tipo de filme.


TOTÒ DIABÓLICO

Título Original: Totò Diabolicus
Diretor: Steno
Ano: 1962
País de Origem: Itália
Duração: 92min

Sinopse: O marquês Galeazzo di Torrealta é encontrado assassinado na sua mansão. No cadáver, o assassino deixa uma nota com a sua assinatura, “Diabolicus”. Agora a polícia terá que investigar os suspeitos, seus quatro irmãos, que além de assassinos, também podem ser as próximas vitimas.

Comentário: Melhor filme do diretor Steno que já assisti até o momento e também as melhores atuações do mestre da comédia, Totò. Podemos ver o ator interpretar seis papéis diferentes, e ele está melhor do que nunca em cada um deles. A comédia é bem engraçada, me fez rir em vários momentos, por mais clichês que tenha e ser possível imaginar o final, você fica com aquela pulga atrás da orelha e esperado impaciente o próximo assassinato. Destaque para Totò interpretando a Baronesa Laudômia, está impagável, não tem como não rir só de olhar pra cara dele. O diretor faz uma ponta como o jardineiro louco da baronesa e consegue mostrar talento em atuação também.


segunda-feira, 4 de maio de 2015

HUMANO

Título Original: Ningen
Diretor: Kaneto Shindō
Ano: 1962
País de Origem: Japão
Duração: 116min

Sinopse: O barco Netuno fica à deriva após uma violenta tempestade. O desespero dos quatro tripulantes aumenta quando a comida e a água terminam.

Comentário: Quando comecei o Projeto Oráculo Alcoólico não imaginava que o cinema japonês iria me surpreender tanto, Kaneto Shindō foi talvez a melhor surpresa de todas com seu A Ilha Nua. O título Humano é tradução de como o filme foi lançado nos Estados Unidos, pois Ningen (pelo que pesquisei) seria uma espécie de monstro marinho específico da cultura japonesa. Talvez seja uma analogia dos personagens perdendo seu lado humano e virando criaturas do mar, enlouquecendo, perdendo sentimentos e valores. O capitão Kamegoro parece ser o único humano que resta no barco, japonês integro, fiel aos seus valores. Quando faltava uma hora para acabar o filme, pensei: "Como o diretor vai sustentar essa situação e prender nossa atenção?". A verdade é que o diretor sustenta muito bem, o filme me deixou extremamente nervoso, do começo ao fim. A cena da tempestade no início do filme é de roer as unhas. Outro grande filme do diretor.


CANDELABRO ITALIANO

Título Original: Rome Adventure
Diretor: Delmer Daves
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 118min

Sinopse: A monotonia de New England faz com que a bibliotecária Prudence Bell (Suzanne Pleshette) viaje a Roma a procura de momentos de aventura e romance. Durante a viagem ela tem uma aventura amorosa com um arquiteto de idade próxima a sua (Troy Donahue) e com um charmoso galanteador mais velho (Rossano Brazzi). A paixão dos dois os leva a uma viagem pelo norte da Itália. Isso até Prudence descobrir que há outra mulher na vida de seu affair. 

Comentário: Não gostei, um filme machista em que a mulher faz tanto cu doce que achei que o cara ia morrer de diabetes no final. Algumas pessoas dizem que o filme ficou ultrapassado, eu discordo, ele nasceu ultrapassado. Os anos 60 foi a década da libertação sexual, onde as mulheres encontraram maneiras de lutar contra o machismo predominante (é só assistir alguns filmes do Goddard, Truffaut, entre outros), então achar que o discurso "aquela mulher é uma vadia" está ultrapassado nos dias de hoje, você está enganado, ele já estava ultrapassado em 1962! O filme cansa, não acontece quase nada durante mais de uma hora, a garota quer um romance, fica abraçadinha com seu amado durante quarenta minutos de filme e nos vinte minutos finais acontece algo pra estremecer tudo. Desfecho óbvio, na verdade o filme inteiro é um enorme clichê ambulante. O que vale o filme é a direção e as filmagens da Itália, mas até isso cansa. O título nacional ficou bem melhor que o original, caso raro.


sexta-feira, 1 de maio de 2015

SEMPRE AOS DOMINGOS

Título Original: Les Dimanches de Ville d'Avray
Diretor: Serge Bourguignon
Ano: 1962
País de Origem: França
Duração: 111min

Sinopse: Sofrendo de amnésia, um ex-combatente vive atormentado por ter matado uma criança na guerra. Sua vida começa a mudar quando encontra uma menina abandonada pelo próprio pai e passa a se encontrar todo domingo com ela para brincar e, ao mesmo tempo, tentar lembrar de seu passado. Aos poucos, a relação entre os dois começa a ser mal interpretada, até mesmo pelos amigos de Pierre.

Comentário: Ganhador do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 1963, o fato bizarro é que concorreu em mais duas categorias (Música e Roteiro), só que no ano seguinte, em 1964 (???). Não é um filme que eu daria nota máxima, mas ele incomoda tanto, é tão reflexivo e com um desfecho tão foda, que não tem como não dar o máximo de estatuetas pra ele. O relacionamento dos personagens principais é tão inocente e tão indecente ao mesmo tempo que é difícil ter uma posição concreta sobre o assunto. Você se pergunta: e se fosse minha filha? E se fosse uma criança que visse na rua? O filme beira a pedofilia, mas é exatamente este o ponto em que ele pega pesado, porque também trata do quanto somos uma sociedade que só sabe julgar os outros sem ver realmente o que está acontecendo. Enfim, difícil escrever sobre este filme, é preciso assistir. Um filme que vai ficar com este final fodástico martelando na minha cabeça pra sempre.

EVA

Título Original: Eva 
Diretor: Joseph Losey
Ano: 1962
País de Origem: Inglaterra
Duração: 103min

Sinopse: Escritor casado se envolve com uma bela mulher que gosta de humilhá-lo e que pode destruí-lo. Um drama intenso realizado pelo mestre Joseph Losey, com a beleza estonteante da atriz Jeanne Moreau.

Comentário: Bem, o filme é bom, mas é estranho, a obsessão do personagem principal pela personagem de Moreau é meio forçada. O ritmo é estranho, mas existe um boato de que a versão final do filme teria 180min de duração, porém os produtores cortaram para a versão de 103min, houve ainda uma outra versão com 119min que o diretor lançou depois, ou seja, acho que é normal o ritmo do filme ser meio estranho com tantos cortes. Um dos melhores trabalhos de Moreau como atriz. Virna Lisi que é feita de trouxa no filme, mas é a mais bela de todas ali (não acho a Jeanne Moreau grande coisa, tinha um ar sedutor, de femme fatale, mas não pegava a Virna Lisi) não consegue emplacar muito bem com a personagem. Se eu fosse dar nota só pela direção do Losey, o filme teria nota máxima, é uma baita direção, enquadramentos impressionantes. Um belo filme, mas que devia ser muito melhor sem os cortes da produção. Só eu achei o Stanley Baker uma cópia do Morrissey?