segunda-feira, 30 de outubro de 2023

A VACA

Título Original: Gaav
Diretor: Dariush Mehrjui
Ano: 1969
País de Origem: Irã
Duração: 104min

Sinopse: Um velho aldeão profundamente apaixonado por sua vaca vai passar um tempo na capital. Enquanto ele está lá, a vaca morre e agora os moradores estão com medo de sua possível reação quando ele retornar.
 
Comentário: Vencedor de um prêmio fora da competição principal no Festival de Berlim e do prêmio da Federação Internacional dos Críticos de Cinema no Festival de Veneza. Filme importantíssimo que marca a renovação do cinema iraniano, com verba do governo do Xá Pahlavi que ficou horrorizado com o resultado por achar que mostrava um Irã muito atrasado, teve sua licença de exportação negada e só foi exibido no Festival de Veneza, onde fez muito sucesso, por conta de uma cópia contrabandeada. O filme ainda teve dificuldades de ser exibido no próprio país e foi amplamente defendido pelo (ora vejam só) Aiatolá Khomeini (O mundo não dá voltas, capota!). Gostei bastante e acho que o que segura bastante tudo é o elenco que se entrega bastante, toda a história tem tantas camadas que o torna digno na posição que carrega hoje. O que é um homem sem sua posição perante a sociedade se não uma vaca?
 

sábado, 21 de outubro de 2023

A HORA DO LOBO

Título Original: Vargtimmen
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1968
País de Origem: Suécia
Duração: 88min

Sinopse: Enquanto estava de férias em uma remota ilha escandinava com sua jovem esposa grávida, um artista sofre um colapso emocional quando se depara com seus desejos reprimidos.

Comentário: Seguindo o seu longa anterior (Quando Duas Mulheres Pecam) Bergman segue com os dois pés no experimentalismo narrativo e realiza um de seus filmes mais angustiantes. As ligações com o filme anterior são extensas, considero um filme irmão, não é a toa que as personagens principais tem o mesmo nome, e muito menos ainda que em ambos as personagens focos de obsessão tem o mesmo sobrenome (Vogler). Máscaras permeiam tudo e a todos e praticamente todas elas acabam caindo. Praticamente todo o filme é de livre interpretação de cada espectador, única coisa que é de igual experiência para todos são as emoções conflitantes que permeiam toda a obra. Um filme complexo, que é preciso dar um salto de fé, cair de cabeça e mergulhar sem pensar demais. Bergman nunca decepciona.


terça-feira, 10 de outubro de 2023

QUANDO DUAS MULHERES PECAM

Título Original: Persona
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1966
País de Origem: Suécia
Duração: 84min

Sinopse: Alma, uma enfermeira, deve cuidar de Elisabeth Vogler, uma atriz que está com a saúde muito boa mas se recusa a falar de qualquer jeito. Com a convivência, Alma fala a Elisabeth o tempo todo, inclusive sobre alguns de seus segredos, nunca recebendo resposta. Logo, Alma percebe que sua personalidade está sendo submergida na pessoa de Elisabeth.

Comentário: Nunca havia visto este e levei um choque tanto pelo salto que Bergman da no experimentalismo artístico quanto pela pior tradução de um título para o português na história deste país. Um filme profundo que quando percebi para onde ia desisti de tentar entender tudo e só aproveitei a viagem devorando as migalhas que eu conseguia digerir. Portanto é um filme para se ver mais vezes assim como Através de um Espelho (que é meu favorito do Bergman e já devo ter visto umas cinco vezes) para se construir uma ideia melhor da película. As atrizes estão perfeitas, dão um show e a parte técnica é das melhores de toda a cinegrafia do diretor. Não vou tentar analisar o filme, mesmo porque acho que a interpretação é de cada um, é exatamente esta a beleza do filme. Talvez seja um dos filmes mais difíceis do Bergman junto com A Hora do Lobo que assisti ontem, considero que é um filme que completa este e vice-versa com vários pontos que se cruzam. Vale cada minuto.