sábado, 20 de maio de 2017

QUANDO A VIDA É CRUEL

Título Original: Something Wild
Diretor: Jack Garfein
Ano: 1961
País de Origem: EUA
Duração: 113min

Sinopse: Mary Ann é vítima de estupro. A partir desse episódio, a jovem vive um quadro paranoico, acreditando que todas as pessoas representam algum tipo de ameaça.

Comentário: O filme me chocou de uma maneira muito negativa e da pra entender a importância tão grande do feminismo hoje e ver as raízes da cultura de estupro. Não vou dar uma nota mínima ao filme porque existem fatores interessantes, como a parte técnica magnífica, a atuação de Carroll Baker e a sensação de impotência e claustrofobia que o filme consegue passar. De resto é bem absurdo, existem partes de tortura psicológica e cárcere privado que são tratados como se não fossem nada para uma mulher. Vou evitar dar spoiler, mas fazem do vilão um galã e isso me incomodou profundamente, entendo a louvável tentativa da narrativa e que o contexto na época era outro, o assunto era tabu ainda na época, mas pouca coisa foi bem digerida por mim. Curiosidade: o diretor, Jack Garfein, foi um dos sobreviventes de Auschwitz e foi para os EUA aos 15 anos.



O ENCANTADOR MÊS DE MAIO

Título Original: Le Joli Mai
Diretor: Chris Marker
Ano: 1963
País de Origem: França
Duração: 146min

Sinopse: Maio de 1962, Chris Marker e sua equipe filmam a cidade de Paris, buscando uma maior proximidade com as pessoas da cidade. O documentário faz uma reflexão sobre o primeiro mês de paz, após sete anos de guerra na Argélia.

Comentário: Que documentário incrível, apesar de ter uma duração grande e apesar do começo você demorar um porquinho pra entrar nele, as reflexões e algumas linhas de pensamento são simplesmente epifânicas. Chris Marker é um puta diretor, já vale assistir ao filme só pelas imagens, a direção de arte é um prato cheio para os que apreciam a parte técnica. Destaque para as frases finais do filme e pro cara que comenta sobre a desvantagem deles de estar no passado em relação a quem está vivendo o futuro, parecia que ele estava dialogando com a gente aqui em 2017. Fica registrado aqui meu agradecimento a Lu, que traduziu este filme e que fez aniversário esta semana... meu parabéns atrasado pelo blog!


quarta-feira, 3 de maio de 2017

A LAGARTIXA NEGRA

Título Original: Kurotokage
Diretor: Umetsugu Inoue
Ano: 1962
País de Origem: Japão
Duração: 101min

Sinopse: O detetive Kogoro Akechi é contratado por um homem rico para fazer a segurança de sua filha Sanae, que está recebendo cartas com ameaças. Logo Akechi descobre que Sanae é alvo de interesse de uma famosa ladra conhecida como Lagartixa Negra. Baseado em uma peça teatral de Yukio Mishima, adaptado do livro de Rampo Edogawa.

Comentário: Um filme simplesmente fantástico, a atmosfera musical com comportamentos bizarros caiu perfeitamente na narrativa, teve cenas que me lembraram bastante Twin Peaks do David Lynch (Tem até um anão japonês), pessoas que dançam e se comportam de maneira irreal frente a situações reais. Machiko Kyô interpreta de maneira estupenda a vilã Lagartixa Negra, o resto do elenco é bastante competente. Masão Mishima (que interpreta o milionário que contrata os serviços de Akechi) consegue passar exatamente aquilo que quer, um personagem chato que dá vontade de dar um murro na cara. Excelente filme japonês, peca um pouquinho no melodrama, mas recomendadíssimo.


A HISTÓRIA DE RUTH

Título Original: The Story Of Ruth
Diretor: Henry Koster
Ano: 1960
País de Origem: EUA
Duração: 126min

Sinopse: Em uma magnífica narrativa da história épica do Velho Testamento, Elana Eden retrata a linda Ruth, que ainda jovem, vive cercada por adoradores do deus de pedra Quemos. No entanto, já como uma jovem mulher, ela é tocada pela crença de Malom (Tom Tryon), um artesão judeu, e renuncia à sua idolatria. Quando uma tragédia leva a Ruth e a mãe de Malon a empreenderem uma árdua jornada rumo a Jerusalém, Ruth conhece Boaz (Stuart Whitman) e surge a paixão. Mas, ela está prometida para outro, precisa ter coragem, inteligência e apoiar-se em sua nova fé para encontrar a paz que ela anseia desde criança.

Comentário: O filme tem um ritmo excelente, principalmente em sua primeira metade, não é nem um pouco aqueles filmes arrastados bíblicos. Apesar de ser retirado da bíblia e ter um fundo religioso, o filme não fica martelando em religião, não tenta te enfiar nada goela abaixo, portanto pode ser assistido por uma pessoa adversa a religião, como eu, e ter sua narrativa aproveitada sem problemas. O elenco é fraco, Elana Eden surgiu neste filme e desapareceu logo depois, a única atriz que é digna de nota aqui e que faz um excelente trabalho é Peggy Wood, que interpreta a sogra de Ruth (sua semelhança com minha avó materna tornou o filme cheio de sentimentos de saudades para mim).