domingo, 5 de julho de 2020

CHOVE SOBRE NOSSO AMOR

Título Original: Det Regnar På Vår Kärlek
Diretor: Ingmar Bergman
Ano: 1946
País de Origem: Suécia
Duração: 95min

Sinopse: Um jovem casal tenta ultrapassar as barreiras que a vida lhe impõe. Ela está grávida e ele acabou de ser libertado da prisão. Ambos não têm onde morar, porém decidem unir forças e encontram uma pequena casa para passar a noite. O proprietário inicialmente ameaça chamar a polícia, mas acaba os aceitando como inquilinos. David começa a trabalhar em uma floricultura. Mas imprevistos e problemas não param de aparecer, e eles terão de lutar na Justiça contra a oposição da igreja, do patrão e toda a burocracia existente.

Comentário: Segundo filme de Bergman... E que filme! Simplesmente fantástico, uma verdadeira aula sobre várias coisas que não sei nem por onde começar. Sim, é verdade que é um filme menor de Bergman, mas carrega aqui uma bela bagagem de muita coisa que o diretor sempre tentou fazer com seus espectador: refletir sobre a vida. É triste pensar que muita coisa aqui poderia ser refilmada em 2020 sem mudar nada, já que a sociedade continua patética como na década de 40. Os atores trabalharam muito bem, a trama é super bem amarrada e o final é perfeito. O filme é uma mistura de coisas também, trás drama, romance, comédia e todo o misto de sentimento humano. Este filme, ao meu ver, já mostra o gigante que Bergman seria para o cinema.


sexta-feira, 3 de julho de 2020

CATHY, VENHA PARA CASA

Título Original: Cathy Come Home
Diretor: Ken Loach
Ano: 1966
País de Origem: Inglaterra
Duração: 77min

Sinopse: Cathy e Reg decidem se casar. Alugam um apartamento bacana mas logo a vida se mostra irônica. Cathy engravida e Reg bate o caminhão com o qual trabalha e perde o emprego. A renda despenca e vão parar na casa da mãe de Reg, onde já não cabe ninguém, depois em casebres de onde são despejados e chegam aos trailers e, cada vez mais no fundo do poço, passam a depender do serviço de bem-estar social inglês. O escritor Jeremy Sandford e o diretor e roteirista Ken Loach condenam aqui, veementemente, tal serviço destruidor de famílias, nos moldes de um documentário.

Comentário: Realizado para um programa da BBC que chamava The Wednesday Play que lançou ao todo 171 filmes, este tenta misturar documentário com drama. Tem horas que pesa um pouco a mão tanto em um como em outro estilo, mas nos entrega aquele que seria o primeiro trabalho de Loach e um estilo que ainda está enraizado no diretor até hoje, mais de cinquenta anos depois, que é o de filme denúncia. O filme é claramente uma denúncia contra o serviço de bem-estar social da Inglaterra, que era criminoso naquela época. Há diálogos demais e rápidos demais em alguns momentos, você fica até meio zonzo, mas é um filme que merece ser visto, tanto pelo fator histórico (eu desconhecia esses problemas sociais que a Inglaterra viveu no pós-guerra), quanto por ser o primeiro trabalho do Loach que é um dos diretores mais importantes vivos e ativos no cinema mundial hoje.


sexta-feira, 26 de junho de 2020

PLANETA PROIBIDO

Título Original: Forbidden Planet
Diretor: Fred M. Wilcox
Ano: 1956
País de Origem: EUA
Duração: 98min

Sinopse: Baseado no drama "A Tempestade", de William Shakespeare, conta a história de um cruzador interplanetário C-57D que aterriza no planeta Altair IV, com o objetivo de resgatar um grupo de cientistas colonizadores que lá haviam aterrissado vinte anos antes com a nave espacial Belerofonte. Os viajantes encontram um filólogo e sua filha, únicos humanos imunes a uma misteriosa força existente no planeta...

Comentário: Tenho que confessar que eu esperava mais, as duas únicas coisas que são realmente relevantes no filme é que que é basedo em uma obra do Shakespeare que foi transportada para um filme de ficção científica e os efeitos especiais. A tripulação da nave é patética, um bando de homens brancos com o mesmo penteado, eu tive dificuldade para diferenciar os personagens. O filme deu uma envelhecida ruim, o machismo da época é evidente demais, mas isto a gente tem que relevar se for assistir uns filmes blockbusters dos anos 50. Os efeitos especiais impressionam, é muito, mas MUITO a frente do seu tempo e isto já faz o filme valer a pena ser revisitado nos dias de hoje, perderam o Oscar para Os Dez Mandamentos do DeMille. Menção honrosa para o robô que é de longe o melhor personagem no filme. Legal também ver o Leslie Nielsen novinho, muito antes de Corra Que a Polícia Vem Aí!


domingo, 21 de junho de 2020

TCHAU, ATÉ AMANHÃ

Título Original: Do widzenia, Do Jutra
Diretor: Janusz Morgenstern
Ano: 1960
País de Origem: Polônia
Duração: 82min

Sinopse: Os grupos de teatro estudantis da Gdank nos anos 50 são o tema deste filme, que conta a história romântica de Jacek e Margueritte, tendo como inspiração a Nouvelle Vague francesa.

Comentário: Primeiro filme do diretor, não fica devendo em nada para Truffaut ou Goddard, com um elenco muito competente. O filme tem vários pontos positivos, o primeiro é a parte técnica da direção, simplesmente de tirar o fôlego. Janusz Morgenstern consegue imagens maravilhosas com uma câmera na mão. Teresa Tuszynska é o segundo ponto, a atriz que faz Marguerite é de arrasar corações, com um carisma e uma beleza que não se vê mais no cinema faz tempo. E o terceiro ponto, para ficar só em três, são as imagens do teatro estudantil, todas as cenas são excelentes, mas o teatro de mãos é de uma sensibilidade que cai muito bem no contexto do filme. Um filme para assistir e reassistir só contemplando sua beleza.


quinta-feira, 18 de junho de 2020

O BOXEADOR E A MORTE

Título Original: Boxer a Smrt
Diretor: Peter Solan
Ano: 1963
País de Origem: Checoslováquia
Duração: 106min

Sinopse: Em um campo de concentração nazista, um prisioneiro aguardando a execução é poupado quando o comandante, um ex-lutador, descobre que ele tem conhecimento de boxe. Cada treino torna-se uma disputa entre a vida e a morte.

Comentário: Um filme bem interessando onde a opressão nazista é contada em um micro universo relacionado ao boxe. No começo o ator que faz o encarregado do campo de concentração não me convenceu nem um pouco como boxeador, mas no decorrer do filme isto para de importar. Uma direção e elenco afiados, mas é o compositor William Bukový que se destaca mais. Alguns atores coadjuvantes conseguem crescer muito em várias cenas, isto também chama bastante a atenção, é engraçado como o diretor monta alguns personagens, como o Willi, que parece ser gente boa e em momentos esquecemos que é um nazista. Uma alegoria do mundo real, cuidado com aquele cara que parece gente boa quando ele é um fascista. Um filme interessante para um estudo de poder e submissão.


sábado, 13 de junho de 2020

AS TRÊS MÁSCARAS DO TERROR

Título Original: I Tre Volti Della Paura
Diretor: Mario Bava
Ano: 1963
País de Origem: Itália
Duração: 96min

Sinopse: Nesta obra inesquecível, Mario Bava nos brinda com seu talento em três pequenos clássicos do cinema de horror. Em "O Telefone", uma mulher é atormentada por ameaças de um ex-amante que fugiu da prisão. No segundo episódio, "O Wurdulak", uma família aguarda o retorno do patriarca mas ele foi contaminado por um vampiro. No último episódio, "O Pingo D'Água", o espírito de uma condessa volta do além para cobrar um anel que lhe foi roubado nos preparativos de seu funeral. Com a participação do lendário Boris Karloff.

Comentário: O filme como um todo diverte, é como aqueles filmes do William Castle ou do Roger Corman. Baseados livremente em contos dos autores Anton Tchekhov, Aleksei Tolstoi e Guy de Maupassant, as três histórias tem pontos altos e pontos baixos e servem como se fossem três curtas, sem ligação nenhuma entre elas. A primeira história é a mais fraquinha, onde ela fica meio deslocada das outras, pois não apresenta nenhum fator sobrenatural, ponto alto é a atriz Michèle Mercier e um plot twist vagabundo. A segunda história é a mais elaborada, mas achei que se estendeu demais, porém tem mais pontos altos que baixos. A presença ilustre de Boris Karloff e ótimas tenções psicológicas funcionam bem, Susy Andersen tira suspiros de nossos olhos. A terceira é muito boa também e consegue acertar no ritmo, uma história simples e mais curta, sem enrolação, onde a parte técnica da direção de Bava se sobressai. Um filme mediano, mas que dá pra se divertir matando o tempo.


quarta-feira, 3 de junho de 2020

UM CORPO QUE CAI

Título Original: Vertigo
Diretor: Alfred Hitchcock
Ano: 1958
País de Origem: EUA
Duração: 128min

Sinopse: Em São Francisco, o detetive aposentado John "Scottie" Ferguson (James Stewart) com fobia de altura é contratado por um homem para seguir sua esposa com tendências suicidas. Após resgata-la de uma queda na baía da cidade, ele fica obcecado pela bela e atormentada mulher.

Comentário: Considerado por muitos como a obra máxima do cinema e completamente esnobado pelo Oscar na época, Um Corpo que Cai tem seus momentos e cria aos poucos uma bela narrativa. Na minha opinião fica abaixo de Cidadão Kane, de Orson Welles, e que apesar de ser um dos melhores do Hitchcock, também acho que fica abaixo de algum de seus próprios filmes, como Janela Indiscreta, Psicose ou Festim Diabólico. O que realmente faz desse filme um marco até hoje é sua qualidade técnica, a direção de Hitchcock está perfeita, a condução do ritmo da história é outra coisa impressionante, tudo se encaixa em um filme de ótima qualidade em vários sentidos. Stewart daquele jeito dele de sempre, mas que sempre nos cativa. O pai definitivo dos Plot Twists!


quarta-feira, 27 de maio de 2020

OS CORAÇÕES DA IDADE

Título Original: The Hearts of Age
Diretores: William Vance & Orson Welles
Ano: 1934
País de Origem: EUA
Duração: 6min

Sinopse: Numa cela colonial dos Estados Unidos de antigamente, uma senhora idosa está sentada perto de um sino, quando é assediada por um homem com a cara pintada de preto e por um índio, numa colagem de situações surrealistas que podem conduzir à morte...

Comentário: Algumas pessoas creditam este como sendo o primeiro curta metragem dirigido por Orson Welles, quando na verdade ele já havia dirigido o curta metragem Noite de Reis, baseado em Shakespeare, um ano antes deste. O curta é super rápido, então fica difícil atribuir até que ponto é ideia de Welles ou até que ponto é ideia de Vance, o resto é mera especulação. O tom é satírico e surrealista ao mesmo tempo, algo bem experimental, o que demonstra uma certa genialidade, já que estamos falando de algo lançado em 1934. É também uma ácida crítica social a mentalidade colonialista americana. Vale a pena assistir como curiosidade se você é fã do Welles como eu.


sábado, 25 de abril de 2020

O PARQUE MACABRO

Título Original: Carnival of Souls
Diretor: Herk Harvey
Ano: 1962
País de Origem: EUA
Duração: 78min

Sinopse: Três amigas apostam corrida num carro, que após bater na murada de uma ponte submerge na água turbulenta e lamacenta do rio. Mary Henry sai da água e não consegue explicar nada do que aconteceu, consegue emprego como organista em uma igreja e muda-se para Salt Lake City. Atormentada pelas visões macabras de um homem que não sabe quem é e por que ele a persegue, o que viria depois, embora tudo parecesse não passar de um pesadelo causado pelo choque do passado, fatos aterradores e o verdadeiro pesadelo estaria só para começar.

Comentário: É um filme que fica dentro da média, mas que não trás nada relativamente que o destaque de outros do gênero, o que é uma pena, pois tinha potencial para ser muito mais do que é. Se não quisessem dar um final mastigadinho, se tivessem abusado um pouco mais do experimental, seria um filme para marcar época. Ele tenta, tem várias cenas que o diretor parece querer sair do padrão Holywood, mas acaba sendo puxado para ele de volta. Acho que se o final ficasse mais aberto e abordassem melhor o conflito entre ela trabalhar em uma igreja dentre outras coisas que está passando, seria um filme inesquecível, mas no fim ficou sendo só um filme regular. Destaque para os olhos arregalados da atriz Candace Hilligoss, vale cada close.


quinta-feira, 9 de abril de 2020

CANAL

Título Original: Kanal
Diretor: Andrzej Wajda
Ano: 1957
País de Origem: Polônia
Duração: 93min

Sinopse: Um agrupamento do Armia Krajowa — o Exército de livre resistência polonesa — tenta escapar de um ataque nazista pelos canais subterrâneos de Varsóvia. Determinados a sobreviver, homens e mulheres se esforçam por um complexo e implacável labirinto, enfrentando a escuridão com a força de suas almas. Baseado em eventos reais, Canal foi o primeiro filme feito sobre o Levante de Varsóvia.

Comentário: Segundo filme da trilogia da guerra de Wajda, ganhador do Prêmio Especial do Juri em Cannes, empatando este ano com O Sétimo Selo de Ingmar Bergman. É um filme que continua forte, que nos faz pensar em como a sociedade de hoje nos parece fraca com tudo o que os que vieram antes de nós tiveram que passar nos horrores da II Guerra Mundial e em tantas outras. Tudo bem que guerras continuam, mas nos parecem distantes e contidas em terras paralelas. A direção de Wajda é perfeita, consegue nos prender em túneis e com personagens que parecem ratos em labirintos por quase todo o filme. A atriz Teresa Isewska rouba a cena, belíssima, uma pena não ter tido uma carreira promissora e ter morrido tão nova ao tomar muitos remédios para dormir. Os vários desfechos nos chocam, nos tiram do ar, nos partem o coração. Wajda era um dos maiores diretores de todos os tempos pra mim. Um filme que merece ser assistido mais de uma vez.