segunda-feira, 13 de maio de 2024

10 ANOS DE ORÁCULO ALCOÓLICO


 

Meio que para não passar em branco, brindemos, hoje faz 10 anos que eu fiz o primeiro post no meu blog de cinema Oráculo Alcoólico.


Eu sempre amei o cinema, considero ele uma fonte importantíssima de literatura (mas isso é um assunto para outro texto), desde pequeno fui fascinado, lembro a primeira vez que entrei em uma sala de cinema para assistir A Ratinha Valente, na saída vi o pôster de Superman III e voltamos para assistir este também (portanto lembro também a segunda vez em que estive em uma sala de cinema). Um dos primeiros filmes que assisti na minha vida (na TV) foi A Fuga do Planeta dos Macacos de 1971, lembro que fiquei chocado aos meus 3 anos do porque os humanos estavam tratando os macacos daquele jeito e meu pai me respondeu ao ser questionado: “a humanidade é ruim”. Meu pai não teria como saber como essa frase teria um efeito ressoando no tempo através de mim até hoje (isto também é assunto para outro texto ou sessões de terapia).


Em 1997 muita coisa mudou quando assisti ao Estrada Perdida de David Lynch no cinema, comecei a procurar por filmes fora do padrão e me voltei aos clássicos. Filmes como Cidadão Kane, O Terceiro Homem, Levada da Breca ou Rastros de Ódio marcaram o final do meu período de adolescente e o começo da minha fase adulta.


Então chegou a era do DVD.


Comprava muitos títulos em promoção nas Lojas Americanas, tinha uma coleção imensa de DVDs, e de vez em quando gastava um pouco mais em algumas raridades que chegavam a custar até 5 vezes mais. Foi no final de 2013 que percebi que estava preso em um “catálogo” de DVDs em promoção, perdia muito tempo assistindo filmes ruins. Decidi mergulhar no torrent, buscar filmes clássicos que custavam muito caro para comprar e parar de comprar DVDs blockbusters. Traçando um paralelo eu vejo que minha situação naquela época era muito semelhante com quem está preso em catálogos de streamings hoje em dia, que possui uma vasta quantidade de porcarias para assistir.


Comecei a assistir tudo que eu achava dos anos 60, de tudo que era país possível. Em maio de 2014 eu percebi que já havia assistido uma boa quantidade de filmes e resolvi catalogar esses filmes, mas como fazer isso? Foi então que decidi abrir um blog para este intuito, mas somente escrever uma ficha técnica e minhas impressões, da maneira mais simples possível, sobre o filme. E assim no dia 13 de maio de 2014 eu publicava minha primeira resenha sobre o maravilhoso filme Rocco e Seus Irmãos do diretor Luchino Visconti. O nome do blog eu tirei de uma cena do La Dolce Vita de Fellini. De lá para cá foram mais de 500 resenhas de filmes clássicos de 30 países diferentes.


Quase cinco anos depois decidi abrir um outro blog para filmes mais atuais (que abrangem filmes de 1970 para frente), o Filmestrangeiros, porém este último com quase nenhuma resenha de filmes americanos. Juntando os dois blogs já são quase mil filmes resenhados. Ambos partilham do mesmo Instagram @filmestrangeiros.


E é isso. 10 anos, não de sucesso, nem de likes ou compartilhamentos. 10 anos de fazendo o que gosto. Um brinde a isso.

sábado, 11 de maio de 2024

DIAS DE IRA

Título Original: Vredens Dag
Diretor: Carl Theodor Dreyer
Ano: 1943
País de Origem: Dinamarca
Duração: 37min

Sinopse: Em uma pequena aldeia, uma jovem madrasta se apaixona pelo filho de seu marido pastor, em meio à violenta caça às bruxas do século XVII

Comentário: Que filmaço! Fui assistir sem esperar muito e foi uma bela surpresa. Brilhante é pouco para rotular toda a parte inicial com a caça a Herlufs Marte, magistralmente interpretada por Anna Svierkier que estreou no teatro em 1904, mas nunca havia despontado como atriz de sucesso. Imaginem a perda incalculável para as artes cênicas, porque a presença de cena em todos os momentos em que ela aparece é uma força da natureza. No restante o filme consegue colocar o dedo na ferida em todo o bom costume conservador cristão da época, cria um debate sobre muitas coisas que estão em várias camadas da sociedade com diferentes interpretações dependendo dos personagens. Uma verdadeira aula antropológica histórica. A parte técnica é outro deleite, cada tomada é uma obra de arte, merece ser lembrado no panteão dos grandes clássicos.


sexta-feira, 3 de maio de 2024

UMA HISTÓRIA D'ÁGUA

Título Original: Une Histoire A'Eau
Diretores: Jean-Luc Godard & François Truffaut
Ano: 1961
País de Origem: França
Duração: 11min

Sinopse: Uma jovem narra sua aventura de tentar ir a Paris em meio a uma tempestade, que pouco a pouco vai inundando vilas e caminhos possíveis.

Comentário: A verdade é que achei bem meia boca, tentei gostar, mas não rolou. Truffaut é um dos meus diretores preferidos e Godard é sempre um gigante, mas aqui a união dos dois não funcionou para mim. A verborragia incessante é chata, meio pedante, é um problema que tenho com algumas obras do Godard, ele parece ter momentos que quer se mostrar demais como um intelectual erudito com ideias geniais e que só funcionam na cabeça dele. É quando o diretor deixa essas coisas de lado e pisa na realidade mais acessíveis a nós, meros mortais, que ele funciona. As cenas são lindas, a parte técnica do filme é perfeita. Quando a verborragia cessa e os personagens finalmente vão conversar é meio vergonha alheia, um diálogo bobo. Só vale a pena para quem for fã mesmo. Talvez funcione melhor no mudo.