domingo, 22 de junho de 2025

OS ESQUECIDOS

Título Original: Los Olvidados
Diretor: Luis Buñuel
Ano: 1950
País de Origem: México
Duração: 80min
Nota: 9

Sinopse: Um grupo de delinquentes juvenis vive uma vida violenta e cheia de crimes nas favelas da Cidade do México, e a moral do jovem Pedro é gradualmente corrompida e destruída pelos outros.
 
Comentário: Indicado para o Grande Prêmio do Festival e vencedor de Melhor Diretor no Festival de Cannes, lembrando que a Palma de Ouro ainda não existia aqui. Que pedrada... ou melhor, que paulada! O filme é cru e cruel, mostra um lado tão selvagem da realidade que é difícil de digerir. Vivemos um colapso social e não é de hoje, o sul global sofre com este tipo de coisa há muito tempo, impressionante que ainda estejamos vivos como sociedade e que o colapso total tenha demorado tanto para acontecer. O filme inteiro deixa um gosto amargo na boca, mas o final é o soco no estômago definitivo. Dá para entender porque tanta gente só assiste filmes vazios de Hollywood, encarar a realidade não é tarefa para qualquer um.

domingo, 15 de junho de 2025

O BONDE

Título Original: Tramwaj
Diretor: Krzysztof Kieślowski
Ano: 1966
País de Origem: Polônia
Duração: 5min
Nota: 8

Sinopse: Um menino observa timidamente uma garota no bonde. Só quando sai do bonde, e já é tarde demais, é que ele percebe que precisa encontrá-la.
 
Comentário: Um dos primeiros trabalhos de Kieślowski e já mostra um certo talento e controle do que quer mostrar em tela. A história não podia ser a mais simples e ainda assim o diretor consegue nos prender na tela exatamente pela autoidentificação com a situação, pois não existe um homem que já tenha andado em um ônibus que não tenha passado por uma situação como essa. É o cotidiano filmado da maneira mais simples e competente, com excelentes interpretações que se comunicam com olhares e trejeitos. Há uma cópia no YouTube com uma trilha sonora, mas o original é totalmente silencioso. No final fica só a torcida para que a história dele seja diferente da nossa, mas provavelmente não será.

sexta-feira, 13 de junho de 2025

SEMENTE DO MAL

Título Original: Mauvaise Graine
Diretores: Billy Wilder & Alexander Esway
Ano: 1934
País de Origem: França
Duração: 105min
Nota: 7

Sinopse: Depois que seu pai vende o carro, Henri "pega emprestado" o carro de um estranho para marcar um encontro com uma jovem. Com esse ato, ele acaba se envolvendo com uma gangue de ladrões de carros, mas, após alguma discussão, ele se junta à gangue.
 
Comentário: Primeiro filme do lendário Billy Wilder, que apesar de não ser tão memorável como filmes que vieram depois, funciona muito bem e já tem a marca registrada de muitos de seus clássicos absolutos. A leveza com que Wilder conta suas histórias já estava presente aqui, assim como o humor e o romance ocasional que surge de maneira natural e que muda o rumo do protagonista. Há muitos personagens subaproveitados na gangue que rouba carros, o roteiro tenta compensar isso dando detalhes sobre eles como o cara que coleciona gravatas para que gere alguma conexão. Está longe de figurar entre as obras essências do diretor, mas não deixa de ser um bom filme.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

O TERCEIRO HOMEM

Título Original: The 3rd Man
Diretor: Carol Reed
Ano: 1949
País de Origem: Inglaterra
Duração: 105min
Nota: 10

Sinopse: O romancista Holly Martins viaja para sombria, Viena pós-guerra, apenas para ele mesmo investigar a misteriosa morte de um velho amigo, Harry Lime.
 
Comentário: Vencedor do Grande Prêmio do Festival de Cannes, em uma época que não existia a Palma de Ouro, logo este era a premiação máxima daquele ano. Havia assistido uma vez já devia fazer quase 30 anos, lembrava que tinha adorado e a impressão continuou a mesma nessa reassistida. O filme é perfeito. Carol Reed foi claramente inspirado por trabalhos anteriores de Welles, que até se criou um boato que persiste para alguns até hoje que Welles teria dirigido o filme, o que é falso. A música de Anton Karas é outra parte que funciona muito bem, mas é o roteiro de Graham Greene com tudo aquilo que fez dele ser um dos maiores escritores dentro do seu estilo noir, há reviravoltas, um elenco afiado, timing perfeito para cada personagem e um final avassalador, que foi motivo de briga entre produtor e diretor. Welles é um mero coadjuvante, mas que quando está em cena é um gigante, e mostra como pouco se mudou na humanidade de lá para cá. Filme mais que obrigatório, necessário.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA

Título Original: A Hora e Vez de Augusto Matraga
Diretor: Roberto Santos
Ano: 1965
País de Origem: Brasil
Duração: 114min
Nota: 9

Sinopse: Augusto Matraga é um fazendeiro violento, que é traído pela esposa, emboscado por seus inimigos, acaba massacrado e é dado como morto. É salvo por um casal de negros e desde então, volta-se para a religiosidade. Mas quando conhece Joãozinho Bem Bem, um jagunço famoso, este percebe nele o homem violento. Daí em diante Matraga vive o conflito entre o desejo de vingança e sua penitência pelos erros cometidos.
 
Comentário: Indicado a Palma de Ouro no Festival de Cannes. É um filmaço! Fazia tempo que eu queria ver e consegui uma cópia muito boa que acredito ser a restauração apresentada em Veneza ano passado (2024). O filme é lindo, Leonardo Villar dá um show, uma história que parece que vai para um lado e nos leva para outro, onde olhamos vários aspectos da nossa própria natureza, de como temos um lado violento, mas temos que aprender a deixar nossa racionalidade assumir mais o controle. Por mais que eu sempre torça o nariz para religião, é importante notar que faz parte enraizada de toda cultura pelo mundo e é interessante como foi usada no filme de maneira honesta, sem cair em pieguices, achei muito bonito. A trilha do Geraldo Vandré é outro espetáculo a parte.

segunda-feira, 2 de junho de 2025

EXPLODA MINHA CIDADE

Título Original: Saute Ma Ville
Diretor: Chantal Akerman
Ano: 1968
País de Origem: Bélgica
Duração: 13min
Nota: 8

Sinopse: Uma jovem se tranca em seu apartamento e cuida de seus afazeres de uma maneira estranha, enquanto desperdiça a noite.
 
Comentário: Primeiro trabalho da diretora filmado em 1968 quando a mesma tinha 18 anos. O talento da diretora já desabrocha aqui (seu impulso suicida que culminou em sua morte também?) e transborda nas cenas em que ela interpreta a si mesma. Agora eu entendi como é que os europeus limpam suas cozinhas sem ralo por aqui (brincadeira). Tanto a direção, como a interpretação e captação do som são muito boas e impressiona mais porque ela parece ter feito o curta inteiro sozinha. Uma diretora que tem feito falta nesses últimos anos. O IMDB classifica o filme no ano de 1971, talvez ele tenha sido exibido pela primeira vez neste ano, não sei, mas ao pesquisar confirmei que ele foi realizado em 1968.