terça-feira, 23 de setembro de 2025

GANGA BRUTA

Título Original: Ganga Bruta
Diretor: Humberto Mauro
Ano: 1933
País de Origem: Brasil
Duração: 78min
Nota: 7

Sinopse: Um homem mata sua esposa na noite de núpcias, após descobrir que ela havia sido infiel. Após ser absolvido, ele se muda para o campo, onde se apaixona por uma garota inocente.
 
Comentário: Entendo, talvez, a importância deste filme para o Cinema Novo em sua narrativa. Há sim cenas interessantíssimas criadas por Humberto Mauro, como a cena inicial do casamento que se transforma em um funeral. Toda a construção do filme está à frente de seu tempo, mas não há como negar que em vários outros aspectos ele envelheceu mal também. O personagem principal é tosco, difícil até de aturar em tela. Gostei das canções que dão um tom de Brasil ao filme, que era marca importante nesta época que o Brasil começou a produzir filmes sonoros uns anos antes. Não gostei muito do final, há uma glorificação da violência masculina que está enraizada na nossa sociedade, lógico que o filme é de uma sociedade de quase 100 anos atrás, difícil ver com os olhos de hoje.

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

DESENCANTO

Título Original: Brief Encounter
Diretor: David Lean
Ano: 1945
País de Origem: Inglaterra
Duração: 86min
Nota: 9

Sinopse: A mãe e dona de casa Laura Jesson conhece Alec Harvey em um café de uma estação ferroviária e logo surge uma atração.
 
Comentário: Vencedor do Grande Prêmio do Festival no Festival de Cannes, em uma época que não existia ainda a Palma de Ouro e vários filmes recebiam o prêmio. Um filme extremamente corajoso, de uma sensibilidade muito acima da média e com um belo desfecho. O machismo da época era tão impregnado que dizem que o ator Trevor Howard não conseguia entender seu personagem e teve dificuldades para incorporar o papel. O filme é baseado em uma peça de Noël Coward (Still Life) que se passava praticamente toda na estação de trem. Lean ampliou a história e cortou a cena do último encontro entre o casal que chegou a ser filmada, mas achou que terminava melhor como ficou sendo aprovado pelo autor da peça depois. A cena em que a mulher chata entra e não para de falar é a representação perfeita da sociedade metendo o bedelho em tudo, que funciona muito bem hoje em tempos de Instagram. O filme, lançado do final da Segunda Guerra representa bem o sentimento da época, de vidas interrompidas e não vividas. David Lean em toda a sua melhor forma.

terça-feira, 16 de setembro de 2025

AS BONECAS DA MORTE

Título Original: The Psychopath
Diretor: Freddie Francis
Ano: 1966
País de Origem: Inglaterra
Duração: min
Nota: 7

Sinopse: Quatro homens que estavam envolvidos na investigação de um milionário alemão no final da Segunda Guerra Mundial são encontrados assassinados com pequenas bonecas deixadas ao lado de seus corpos.
 
Comentário: Freddie Francis foi gigante, quanto a isso não há discussão, seu trabalho como diretor de fotografia de filmes com diretores como David Lynch e Martin Scorsese o consagraram muito bem. Nessa época ele dirigia filmes com orçamentos limitados na Inglaterra, mas já havia feito o clássico O Terror Veio do Espaço que havia feito considerável sucesso de bilheteria, mas não de crítica. Este é um filme muito menor, que o poster estraga toda a graça de descobrir quem é o assassino. Detalhes que a produtora Amicus parece não ter dado bola. O filme também é roteirizado por Robert Bloch, o autor de Psicose. Ele diverte, há um cuidado com a fotografia, mas em linhas gerais é mais para passar o tempo para quem gosta deste tipo de produção inglesa como eu.

domingo, 14 de setembro de 2025

HIROSHIMA MEU AMOR

Título Original: Hiroshima Mon Amour
Diretor: Alain Resnais
Ano: 1959
País de Origem: França
Duração: 90min
Nota: 9

Sinopse: Uma atriz francesa que está rodando um filme contra a guerra em Hiroshima tem um caso com um arquiteto japonês casado, enquanto compartilham suas diferentes perspectivas sobre a guerra.
 
Comentário: Indicado a Palma de Ouro e vencedor do prêmio da Federação Internacional de Críticos de Cinema no Festival de Cannes. Resnais faz aqui um enorme manifesto contra a guerra, onde um soldado alemão apaixonado pode ser a vítima, onde os mocinhos que dizimaram civis com bombas atômicas não são tão mocinhos assim. É um filme corajoso demais para a época, onde escancara que nem todo esqueleto no armário foi devidamente enterrado depois de 45, mas a maneira que ele conta essa história é de uma sutileza ímpar, que nunca havia sido feito antes e nunca foi feito depois. Emmanuelle Riva controla o espectador em cada movimento, em cada fala, em cada detalhe. Eiji Okada é um mero espectador como nós.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

A MULHER MORCEGO

Título Original: La Mujer Murciélago
Diretor: René Cardona
Ano: 1968
País de Origem: México
Duração: 79min
Nota: 7

Sinopse: Um cientista louco está capturando lutadores para retirar-lhes a glândula pineal para que possa criar um homem-peixe. Para descobrir por quem os lutadores estão sendo mortos, Batwoman se infiltra no mundo da Luta Livre.
 
Comentário: Que filme divertido! Galera que tenta assistir este filme levando a sério realmente não vai curtir nunca. O clima sessentista e o figurino são um show à parte (a atriz tinha alguns minutos para filmar antes que a roupa estragasse por lassear demais) e falando na atriz: Maura Monti está deslumbrante, de arrebatar o coração de qualquer um. Há momentos que fica óbvio que a falta de financiamento afeta o filme (como na perseguição de carro, fiquei esperando gadgets como em um filme do 007 que não vieram), mas o Monstro-Peixe e o cientista louco toscos e caricatos ficaram ótimos no geral. Um filme que devia ter tido outras continuações, fazia tempo que não via um filme-b antigo que me divertisse tanto.

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

A BESTA HUMANA

Título Original: La Bête Humaine
Diretor: Jean Renoir
Ano: 1938
País de Origem: França
Duração: 100min
Nota: 8

Sinopse: Nesta adaptação clássica do romance de Émile Zola, um maquinista torturado se apaixona por uma mulher casada e problemática que ajudou o marido a cometer um assassinato.
 
Comentário: Indicado ao prêmio principal no Festival de Veneza (que naquela época não chamava Leão de Ouro, mas levava o nome do ditador fascista que comandava a Itália). Renoir é um cara que sabe o que está fazendo, a condução e a fotografia do filme são excelentes. A química entre Gabin e Simon é grande parte do que faz o filme acontecer e funcionar muito bem. As coisas começam de maneira lenta e vai acelerando em um ritmo caótico para o final.  Aqueles amores doentios que afundam a gente, mas que a gente cria uma dependência como um vício em droga, retratado da maneira mais crua e realista possível.